Bolseiros
Falou-se muito nos últimos dias, mas nunca o suficiente, sobre a situação absurda em que se encontram os bolseiros de projectos de investigação científica. Saltando de bolsa em bolsa, alguns de país em país, lá vão andando a ver se não caem no abismo do desemprego e sobrevivendo entalados entre uma bolsa aqui e outra acolá. Não têm direito a subsídio de desemprego, a pagar o IRS e a fazer decontos para a Segurança Social. Ocupam o bico da pirâmide da especialização profissional e, no entanto, não têm sequer direito às mesmas regalias que qualquer trabalhador indiferenciado tem. E tudo isto é tão degrandante, tão injusto, que só podemos admirar a persistência destes homens e mulheres que fazem profissão (de fé) na ciência, sujeitando-se a esta espécie de segregação social. Tenho um amigo, o Jorge, que é um caso exemplar. Depois de ter concluído a licenciatura em Engenharia Mecânica, optou pela investigação e, desde de então (1995? 1996?), tem vivido de sucessivas bolsas de investigação: mestrado, doutoramento, pós-doutoramento (em Lyon) e, creio, que vai a caminho de um pós-pós-doutoramento. Todavia, o Jorge não tem acesso às mesmas regalias que eu próprio, professor, ou como o senhor Faria (mas não faz) das finanças, por exemplo. Não é justo. Não aceitável. |
Publicado por David Afonso às 19:14
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