Respeitar a vontade de cada um
Apesar de nos canais de televisão o assunto dominante ser a IVG (com prejuízo grave para o esclarecimento de qualquer pessoa normal), já está a caminho uma nova polémica para agitar consciências mais conservadoras e dogmáticas. A directiva antecipada de vontade. Como todos sabemos existem várias religiões que por razão de princípio não permitem determinados actos médicos. Ou não permitem que a vida dos elementos das suas congregações seja prolongada de forma artificial. Por cá a eutanásia, que começa a ser discutida e até aprovada noutros países, está fora que questão, mas são inúmeros os casos de pessoas que teriam preferido escolher o seu destino em alturas difíceis especialmente relacionadas com doenças terminais. Por isso, e para clarificar estes casos que abundam em meios de comunicação social menos escrupulosos e ávidos de explorar a condição humana, a associação nacional de bioética propõe-se a apresentar na Assembleia da Republica uma proposta de projecto-lei para a criação de um registo de Directivas antecipadas de vontade, que permitisse a todos os que assim pretendam, manifestar em vida e na posse da totalidade da suas capacidades se pretendem ou não que lhe sejam efectuados tratamentos que não possuem garantia de sucesso, prolongando a vida artificialmente. A ideia é prolongar a acção da lei actual que já confere a possibilidade da recusa de tratamento, permitindo a recusa de tratamentos mesmo que a pessoa não o possa expressar claramente. Seria como o actual registo nacional daqueles que não pretende doar órgãos, que pudesse ser consultado perante um caso terminal. Polémicas à parte (lá chegaremos) a iniciativa é de uma justiça elementar pelo respeito à individualidade de cada um. Apesar de me poder parecer absurdo que algumas pessoas se recusem a receber tratamentos ou determinados procedimentos médicos, a sua opinião deve ser respeitada e se houver forma de se saber qual é, mesmo que a pessoa não a possa expressar, tanto melhor. |
Publicado por José Raposo às 11:55
Comments on "Respeitar a vontade de cada um"
Viva
Sem estar na posse de todos os elementos, parece-me faltar mais um dado à discussão: a revisão do dever ético e da deontologia médica, por, em alguns casos, criar uma conflitualidade preocupante.
Se alguém decidir não perpetuar a sua vida, qual a atitude do médico sabendo que o seu código ético o obriga ao contrário?!
Cumprimentos