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Seja apoiado por quem for, não é desta que vamos ter um Presidente da República vindo de fora da cena politica. Pode alimentar-se páginas e páginas de jornais sobre o suposto apoio ou apadrinhamento de Soares a Nobre só para irritar o Alegre e lançar a confusão no PS, mas apesar de todas as teses de conspiração que envolvem Soares sempre muito apetitosas, esta (a ser verdade), não tem pernas para andar. Fernando Nobre tem os seus méritos, que não estão em causa, e é uma figura muito interessante no charco particularmente lamacento das figuras públicas nacionais, mas não tem estaleca para isto.
O candidato ainda não percebeu bem onde se foi meter e vai lamentar o dia em que teve esta ideia de cidadania de querer ameaçar a coutada particular dos políticos. Se Soares está mesmo por trás desta candidatura, continua a demonstrar um discernimento particularmente mau que o tem acompanhado nos últimos anos.
Não me choca particularmente ter um Presidente que é simultaneamente líder de uma organização internacional de assistência humanitária em cenários de crise. Houve para ai um candidato a fincar pé na sua distância dos partidos e nas suas propriedades suprapartidárias e que até foi eleito, por isso não é razoável que critiquemos um candidato genuinamente suprapartidário, que até se define como apartidário, precisamente por ele não estar manchado pelo pecado original da política. Pelos vistos os portugueses consideram haver mercado para este tipo de candidaturas. Até mesmo Alegre ensaia muitas vezes o discurso do suprapartidarismo para encenar a sua recandidatura a Belém. Realmente esta candidatura não facilita a vida à esquerda. Mas também reconheçamos que em principio não se trata de uma candidatura de esquerda, a confiar no pressuposto da sua independência em relação a partidos, mas sim uma candidatura em que muita gente de esquerda se possa rever. Mas como em relação à independência do actual inquilino de Belém, só se deixa enganar quem quiser. Se hoje à noite no Padrão dos descobrimentos (que simbólico…) assistirmos ao nascimento de uma campanha já perfeitamente estruturada com resposta às questões que inquietam os portugueses, com recurso à mais fina-flor do marketing político em vez de uma campanha de valores em que esta candidatura parece querer inspirar-se, então saberemos que Nobre não está sozinho.
Isto está bom demais, para eu estar aqui sossegado armado em observador. O Primeiro-Ministro insulta o Presidente em conversa privada com arguido de processo de sucatas que ainda não o era. Sucateiro suborna, alegadamente, vários gestores públicos rosa para o tratamento da dita sucata e tudo acaba por afinal redundar na responsabilidade política de um primeiro-ministro ,responsável por um plano do qual aparentemente nunca falou, mas que motivou outros leais funcionários rosa a executar. Pelo meio o pobre das sucatas apodrece em preventiva. Os outros todos de fora juram a sua inocência à mesa de uns robalinhos. O alentejano sente-se encornado, o jovem gestor jura limpar a honra e a PT revela-se como aquilo que sempre foi, um instrumento. O Noronha afirma que as 12 escutas ao primeiro estão feridas de nulidade porque ninguém lhe pediu autorização para ouvir o primeiro e ignora o conteúdo. O Monteiro mete os pés pelas mãos, diz que por ele se divulgava e depois quer destruí-las, diz que não há lá crime contra o estado de direito, mas acaba por dizer que isso de influenciar jornalistas não prejudica o estado e é até uma velha estratégia... Depois vêm os chutos na bola (ou o barro à parede,) com figos de notícias que variam entre subornos (ou contratos) entre 750.000€ e 150.000€, através da escolinha ou da offshore. Os blogues, responsáveis há bastante tempo de muito o que vai aparecendo nos jornais, vão ficando em cheque e o Galamba já parece o pivot da informação do governo, pelo menos a ter confiança no tal do Santos que afinal parece que era Abrantes. É também pela blogosfera que os directores de jornais (a reserva moral da nação) começam a atacar caixas de comentários quando não gostam do que lêem. Afinal há mais gente a tentar pressionar por onde pode, enquanto o negócio das t-shirts floresce... Por estas e por outras razões vou ocupar-me um bocadinho por aqui enquanto me for humanamente possível, sem qualquer compromisso de permanência.