É a América Um Estado Ocidental? III
Não nos podemos esquecer de que o Novo Mundo é filho do Velho Mundo. Todos nós somos herdeiros das matrizes judaico-cristã e greco-romana. E mesmo dentro a amálgama do melting-pot americano, era esta linha que originalmente o definia e não outra. Convém também lembrar que o fenómeno melting-pot nunca foi uma verdadeira fusão de culturas e de povos, porque o único modelo dominante foi sempre o ocidental e, por outro lado, esse fenómeno nem é de agora nem é exclusivamente americano porque toda a história da Europa e de cada uma das suas nações, é uma história de intercâmbios culturais, económicos e genéticos. Somos intimamente africanos, asiáticos, árabes, judeus, eslavos, para além de tudo o resto. Incorporámos na nossa cultura e no nosso código genético os contributos de um número indefinido de povos. O sucesso do ocidente sempre esteve na sua abertura. Sempre que nos encerramos sobre nós próprios tornamo-nos fracos e entramos em crise. Esta abertura, de resto decorre das nossas próprias raízes comuns e originais herdadas: dos gregos o compromisso com a Razão; dos romanos o Estado e o desenho da Europa; dos hebreus o amor ao livro e a consciência do Tempo; do cristianismo o humanismo universalista. |
Publicado por David Afonso às 02:49
Comments on "É a América Um Estado Ocidental? III"
Se é verdade que isto ainda se nota no estrato científico, económico e político dos E.U.A., dificilmente se encontra tal coisa no dia-a-dia, graças ao referido cadinho de culturas que são os E.U.A. Agora, com a abolição das fronteiras a espalhar-se, a Europa está a passar pelo mesmo processo. E a lidar muito mal com ele, como é claro. E.g.: a questão da França sobre os véus islâmicos.
Assim, e seguindo a linha de dependência parcial ou total face aos E.U.A. principalmente a partir da 2ª G.M., continuamos nós a ser cada vez mais norte-americanos do que eles ocidentais no sentido de derivados de europeus.
Prometeu
A questão da França é a questão da França. É de não esquecer que não foram apenas os véus islâmicos que foram banidos das escolas, mas todos os sinais exteriores de religiosidade, incluindo cristãos. A França é um estado laico até às últimas consequências.
E então esta questão só surge agora assim do nada? Penso que a questão vai mais na linha do véu = discriminação sexual por causa da religião e então, para ter um pouco de lógica, foram abolidos todos os símbolos religiosos. O que, diga-se de passagem, é um assunto espinhoso. E.g.: um pentagrama. É ou não um símbolo religioso? Resposta: pode ser ou não, depende da pessoa que o está a usar...
Ainda assim, isto não invalida o que eu disse antes, porque apenas dei um exemplo. Um outro é a profunda discriminação que ainda está nas mentes de muita gente e nos conteúdos culturais...
Prometeu
Os conteúdos culturais justamente por serem conteúdos, isto é, por serem dotados de um significado específico e valioso dentro de um contexto cultural próprio, são discriminatórios.
Conflito de ideias...