Carta Aberta Aos Assassinos Da Língua Portuguesa
Poix é. Nu funduh de cda poço há smpre a extória d kem lá kaíu. Kem as conxeg deskubrir? Mas que é isto? Das duas, uma: ou os doutos vilipendiadores da palavra pretendem abreviar os seus escritos (compreensivelmente, dada a dinâmica e rapidez exigidas no diálogo processado via internet, ou mesmo dada a falta do espaço necessário para se enviar uma mensagem escrita no telemóvel), ou então é tudo uma questão de uso deliberado do seu poder criativo para esquartejar o português. Se se trata da primeira hipótese, tais meios para tal fim são movidos debalde. Pois escrever poix, funduh, kaíu, deskubrir não é mais rápido (por vezes muito pelo contrário) nem poupa mais espaço no ecrã do telemóvel do que escrever pois, fundo, caíu, descobrir. Como dramaticamente me apercebo de que as mais das vezes se trata, sim, da segunda hipótese, resta-me resistir e tomar calmantes para os nervos. |
Comments on "Carta Aberta Aos Assassinos Da Língua Portuguesa"
Resistir é preciso. E, como dizia no último comentário, fazendo uma citação: «o caminho faz-se caminhando».
A defesa da língua é um caminho ingrato que urge percorrer.
Estás a travar uma luta inglória...
Cada vez que me mandam uma mensagem com este novo dialecto, fico com urticária e pensamentos violentos.
O pior de tudo é que, segundo consta, já temos jovens a escrever desta estranha forma na escola.
Não vale a pena remar contra a maré, desde que não nos deixemos levar por ela.
Mas infelizmente vocês têm "estória" escrito no vosso blog: uma palavra que não existe, um erro que tem vindo a ser sancionado mesmo por alguns dicionários.
Um peso e uma medida, por favor.
Prometeu
Meu caro amigo Prometeu:
Os vocábulos “estória” e “história”
Não existe diferença significativa entre os vocábulos “estória” e “história”, que partilham a mesma etimologia (do grego ‘historía’).
Contudo, “estória” é a grafia antiga de “história” que, entretanto, caiu em desuso no português falado em Portugal.
Por conseguinte, este vocábulo não aparece registado nos mais recentes dicionários de língua portuguesa editados em português de Portugal.
Porém, ainda o podemos encontrar no Michaelis. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, editado em São Paulo (em 2002), com um significado diferente de “história”.
Estória (segundo Michaelis):
1) Narrativa de lendas, contos tradicionais de ficção.
*estória em quadradinhos = série de desenhos, em uma série de quadros, que representam uma estória, com legendas ou sem elas.
**estória da carochinha = conto da carochinha
*** estória do arco da velha = coisas inverosímeis, inacreditáveis.
**** estória para boi dormir = conversa enfadonha, com intuito de enganar.
***** deixar-se de estórias = evitar rodeios, indo logo ao ponto principal.
No que se refere aos dicionários mais recentes editados em Portugal, todas as acepções supra-referidas são parte integrante da entrada “história”.
in http://corrector.blogs.sapo.pt/arquivo/049452.html
PS: Só me faltou dizer que, não obstante estar incorrecta a utilização da palavra "estórias" o artigo em que ela se encontra não é da minha responsabilidade...
Há pouco queria dizer "não obstante Não estar incorrecta a utilização da palavra estórias"...
O que me está a querer parecer é que alguns visitantes deste blog são muito susceptíveis a males menores...