Let my people go!
O que eu sei acerca de Timor é o mesmo que a maioria dos portugueses sabe. Não basta, é certo, mas é o suficiente para estabelecer uma empatia e preocupação para com o futuro desse povo. Nos jornais tenho lido – meio aparvalhado, meio revoltado – que a Igreja Católica tem vindo a pisar o risco. No Público de terça-feira, 26 de Abril, lê-se: «Bispos de Timor exigem demissão do primeiro-ministro». Parece que os bispos de Timor teimam em desconhecer o principio elementar da separação do Estado e da Igreja. A mesma modernidade que permitiu a liberdade de Timor Lorosae não pode agora ficar, convenientemente, à porta. O que está em causa é a ideia matricial de laicidade do estado. Justamente a mesma que permitiu que as nações ocidentais acudissem a um território ocupado por uma nação maioritariamente muçulmana. Não foi em nome do catolicismo que Portugal, Austrália, EUA e outros, ajudaram os timorenses, mas em nome da Liberdade e da autodeterminação cívica, política e económica. Mais grave ainda é a motivação do atrevimento dos prelados: não aceitam que a disciplina de Religião e Moral seja facultativa! Já que somos o maior país doador, talvez também fosse altura de a Igreja portuguesa doar algum juízo aos desorientados (des-orientados?!) prelados de Timor. Eu sei, eu sei: é o roto a falar ao esfarrapado; mas por cá a bicharada de sotaina já anda mais mansa, mais civilizada, apesar de tudo (que ainda é muito...). Não vale a pena um povo se tornar num escolho na história. É verdade que a independência da nação mais jovem do mundo se deve muito à influência do Vaticano, mas esta é a hora de deixar o seu povo partir e confiar na parábola do filho pródigo. Mas isto é uma questão de fé, a qual não tem nada a ver com questões de poder, que são aquelas que verdadeiramente estão em causa. TIMOR LIVRE E LAICO JÁ! |
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