Política, Jornalismo e Meteorologia
O modernismo apresenta-se segundo Adornos, Benjamins e companhia enquanto consciência da diferença entre a fantasia e a realidade. Ora, esta arte de governar e dirigir o estado que é a política não faz a diferença. Continuando a alimentar as suas fantasias, não só se fecha cada vez mais no seu próprio mundo, como acaba por ferir tudo que toca na sua passagem. Claramente, a realidade está fora da política. Contudo, este tornado feliz no seu rodopio, teima em afirmar a sua realidade, inconsciente do boletim meteorológico. O que nos leva ao Boletim propriamente dito. Quem relata os factos do dia a dia pensa certamente ter uma profissão próspera e divertida. Viaja a qualquer parte patagónica do mundo e não só aparece ao povo todos dias via satélite e papel, como também os dias são intermináveis. Os jornalistas são o olho do mundo, têm o poder de dar a ver e ouvir pelas pessoas e na casa das pessoas, assim as pessoas bebem poder e fantasia. Não há dúvida, somos informados, os factos são científicos, aquela equipa marcou tal golo, tal pessoa é acusada por abuso de poder e tráfico de influencias, aquela mulher está grávida... Talvez a actividade esteja escassa de novidades, talvez uma falta de inteligência permite-lhes fazerem as perguntas mais inverosímeis nos lugares mais inoportunos, ou talvez a concorrência lhes tenha subido à cabeça e tenham sido pegados num remoínho político. São autênticas sanguessugas do fruto da paciência e do fruto da polémica que arrastaram as próprias árvores numa espiral em que se destaca o espírito telenovelístico, tão querido à população, e em que as estrelas mediáticas giram e mesmerizam. Visto termos problemas climáticos não previstos nem detectados pelo actual boletim meteorológico precisamos também de uma nova meteorologia. |
Comments on "Política, Jornalismo e Meteorologia"
E se mudássemos antes o clima? A não ser que o meteorolista seja o próprio clima...