Um Verão Quente?
Aproxima-se um Verão Quente na Educação e talvez não só... O Ministério acabou de notificar as escolas com uma espécie de "Requisição Civil", convocando todos os professores para se apresentarem ao serviço pelas 08:30 nos dias 17 e 22, para os quais vários sindicatos haviam já feito um pré-aviso de greve. Isto promete. A medida, musculada e inédita, não visa a resolução de qualquer problema mas apenas tão só exercitar a arma da demagogia que este governo tem vindo a ensaiar em outras circunstâncias. O PS tem dado sinais de estar à beira de entrar numa espiral de populismo preocupante e esta falsa “requisição civil” é apenas mais um sintoma disso. Tenho sérias dúvidas sobre a sua legalidade e legitimidade, mas sobre isso aguardo que os juristas se pronunciem. O que é certo é que se trata de um castigo e nada mais do que isso. Obrigando todos os professores, incluindo os grevistas, a marcarem presença na escola, não pretenderá decerto garantir a realização dos exames, porque para tal outras soluções mais inteligentes e ajustadas existiriam. No meio do entusiasmo autoritarista esqueceu-se de que professores há que não devem sequer estar na escola, como é o caso dos que leccionam a disciplina que vai ser sujeita a exame nesse dia, e outros há que não podem, como é o caso dos professores do ensino recorrente que estão de serviço até às 23:20. Por outro lado, este tipo de atitude só vem a agravar a situação, funcionando como um catalisador do descontentamento docente. A verdade é que, de um modo geral, não havia uma predisposição para aderir à greve. Agora a motivação dos docentes é bem outra e os números da greve talvez venham a ser bem mais elevados do que nas condições iniciais. O que poderia ter sido um pequeno contratempo transformou-se num problema. No meio disto os únicos que ficam a ganhar são os sindicatos, cada vez mais afastados da realidade, cada vez mais preocupados com a sua própria subsistência. É difícil respeitar um sindicalismo que desbaratou e banalizou a formidável arma da greve. A imaginação e intervenção cívica inteligente já não moram por ali. Também não é preciso. A inépcia política dos sucessivos governos é o seu sustento. |
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