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quarta-feira, julho 13, 2005

O Progresso É Muito Relativo...*

Quando passava pelo Jardim de S. Lázaro assisti a uma zaragata de proporções homéricas. Ao que parece uma matrona tinha, em boa hora, resolvido puxar pelos galões matrimoniais e ir buscar o esposo que por ali vadiava. O alarido gerado foi qualquer coisa (in)digna de ser vista. Entre tabefes e insultos em bom velho vernáculo nortenho (que aqui prefiro não reproduzir), umas três dezenas de populares empenharam-se em nos dar um espectáculo o mais triste possível. Não é a primeira vez que assisto a coisas destas naquele jardim: entre residentes da suecada, a prostituição descarada e os indigentes que assombram os bancos, cria-se um ambiente de abandono e marginalidade, no qual os pacotes de vinho barato por ali espalhados dão o toque final. A meio da tarde, ao passar por ali perto, na Praça dos Poveiros, tropeço noutra zaragata. Desta vez alguém, não sei porque motivo, sovava num daqueles desgraçados que por ali acampam ao sol. A multidão parecia gozar e ver naquilo alguma espécie de justiça. O Jardim de São Lázaro e a Praça dos Poveiros, mesmo no coração da Baixa, são, hoje, territórios tomados pela marginalidade e pela prostituição. Por coincidência, nesse mesmo dia encontrei na BPMP esta notícia no O Jornal do Povo de 18 de Julho de 1854:
«Concurrencia – Entre as pessoas que no domingo á tarde frequentaram o jardim de S. Lazaro, contou o Ecco, os snrs. Francisco Xavier Ferreira– Alexandre Herculano – Silva Amaral – visconde d'Azevedo – Sebastião d'Almeida e Brito – conde de Saldanha – Antunes Navarro – D. Rodrigo –P.e Villaça – Lima – João d'Albuquerque Forbes – Figueiredos – Manoel Guedes – Bandeira – Dr. Vieira – Sinval – Gonçalves Basto – Sousa Dias– Amorim, e muitos negocientes, advogados, proprietários, militares e cavalheiros respeitaveis, etc. Além d'esses, andavam lá também, os dignos membros da comissão administrativa do Asylo, os snrs.: - Manoel de Clamouse Browne – José Joaquim Pinto da Silva – José da Silva Passos – José Joaquim Pereira de Lima – João Baptista de Macedo, e o director e capelão o P.e Gonçalo Affonso Cyrne.»
Isto do progresso é muito relativo...
*Publicado no A Baixa do Porto

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