O Correio Dos Nossos Leitores
«As Selecções do Reader´s Digest publicaram, em vários volumes, a Crónica da II Grande Guerra, que é baseada em relatos e acontecimentos verídicos relatados pelos protagonistas. Recolhi algumas passagens, sintetizei o que foi possível, alinhei acontecimentos, resumi o que foi de resumir, comentando esta ou aquela passagem, para não perder o sentido lógico dos factos e dos homens. Pretende-se com esta série de postagens alertar os cibernautas do Dolo Eventual que a guerra é A Maldição da Raça Humana. Ao longo destas narrativas meditaremos como a morte pode acontecer sem aviso, outras vezes acontece sibilando, e o que é realmente dramático é haver homens que se dirigirem, verdadeiros Heróis, para o sítio onde sabem que os espera, implacável e medonha. Fundamentalmente são episódios do Homem, sem siglas, sem ideologias, é o testemunho da sua coragem, inteligência e determinação. Sugerindo a “Star Wars”, é recordar o verdadeiro lado “Negro” do Poder. Os Predadores (1) - A linha Maginot Em 26 de Maio de 1940, o ministro britânico da Guerra Anthony Eden, autoriza o comandante-chefe do Corpo Expedicionário Britânico, General Gort, a fazer a sua retirada até à costa francesa, na zona de Dunquerque. Com os britânicos estavam também soldados franceses e belgas. Tinham sido empurrados pelos alemães para uma ratoeira côncava de 250 Kms ao longo do Canal da Mancha. A perspectiva de um desastre militar surgira com desconcertante rapidez. Durante oito meses cerca de 390.000 homens viveram, confiante e despreocupadamente convictos, de que a protecção que lhes dava os 400 Kms da Linha Maginot era suficiente para suster o avanço da ofensiva germânica. Construíram-se 400 casamatas de betão, instalaram-se pesadas peças de artilharia, abriram-se trincheiras, galerias, fossos anti-carro, tal como se tratasse da continuação da guerra 1914-1918. Uma guerra de posições. E, subitamente, a 10 de Maio de 1940, estalou verdadeiramente a 2ª Guerra Mundial! Dez "Panzerdivision" e 107 divisões de infantaria motorizada alemãs irrompem pela Bélgica e Holanda. Países neutros! Sem perda de tempo, sete divisões de blindados continuaram o avanço em solo francês abrindo uma brecha nas defesas francesas em Sedan, avançando, sem dificuldade, pelos bosques dos Ardenas - o que, segundo os especialistas do Alto Comando francês, era impossível ser franqueado. Os alemães apareceram simplesmente onde não eram esperados! As tropas alemãs ocuparam a Bélgica em 10 dias, desbaratando os soldados belgas munidos de ferrugentas espingardas e de canhões puxados por cavalos! As Panzerdivision atacavam agora Calais. Para Gort a única chance era tentar resistir entre o Mosa e Dunquerque. Os equipamentos que os franceses e belgas dispunham diferiam muito pouco dos que haviam utilizado na !ª Guerra Mundial! Contra os 2.700 modernos carros de combate alemães, Gort dispunha umas tantas "Matide", engenhos de tal modo blindados e pesados que perdiam mobilidade e eficácia. Actuavam não agrupados, mas ao serviço da infantaria. Do lado contrário, os panzers, tinham menos tipos diferenciados, eram mais rápidos, conseguindo manter uma velocidade uniforme de 40Kms/h, tinham maior autonomia de combustível e dispunham de avançados meios de transmissão e comando. Tacticamente, por actuarem em conjunto, eram uma arma poderosa. A artilharia britânica não estava melhor. Tinha sido largamente ultrapassada pelos canhões de Von Rundstedt. O alcance dos canhões alemães era o dobro das peças de Gort! O único equilíbrio que se podia obter era no ar. Em fins de Setembro 1939, quando terminou a batalha da Polónia, nem o Alto Comando Francês nem o "OberKommando", acreditavam numa decisão rápida sobre a Frente Oeste. Mas Hitler não pensava assim. O seu objectivo era conquistar o terreno necessário em França e Bélgica para mover uma guerra aero-naval contra a Inglaterra, cobrindo assim o acesso à zona industrial do Ruhr. Obedecendo a estas instruções, o "Oberkomando" encabeçado por Manstein, o chefe do Estado-Maior do General Rundstedt, elaborou um plano ambicioso de aniquilamento do grosso das tropas aliadas. Constituía no cerco às tropas aliadas a partir de uma brecha a criar na zona dos Ardenas, pelos blindados de Guderian, em avanço fulminante com a infantaria, até ao mar, sob a protecção da aviação de Goering, o gordo e vaidoso comandante da Luftwaffe. A 23 de Maio, treze dias após o início da invasão dos Países Baixos, os "Panzer" de Guderian estavam a 20 Kms de Dunquerque! Um blitz! A Linha Maginot fora ultrapassada e posta fora de acção tornando-se rapidamente obsoleta. O Corpo Expedicionário Britânico estava à mercê da avalanche dos carros alemães e só a aviação de combate inglesa podia retardar o que parecia ser inevitável. E o inevitável era o aniquilamento ou aprisionamento da nata das unidades britânicas e francesas.» Kalonge |
Publicado por Pedro Santos Cardoso às 19:22
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