O Correio Dos Nossos Leitores
Li os Exemplos com texto de Fátima Teixeira. Com o seu texto aparentemente apolítico, logo sem adrenalina suficiente para interessar os bloguistas das várias tendências, não fala dos déficit, das autárquicas, das “pzidenciais” e coisas do género. Acaba de nos dar o alerta de um problema que muita gente, pessimista, começa a aperceber-se, outra muita gente sendo optimista entende que quando chegar a altura haverá soluções, e outra, também muita gente, realista, começa a preocupar-se seriamente. O artigo da Fátima Teixeira é soberbo pela sua simplicidade. É um alerta! Não fala em percentagens, não fala em captações, não fala em caudais, nem fala em consumos de pico ou consumos médios, não fala em possança de captações, em níveis freáticos, em tempo úteis de consumo, etc., etc. Concluindo, a Fátima Ferreira não fala na água que corre nos canos. A Fátima Ferreira fala na água que vai deixar de correr nos canos. A Fátima Ferreira fala em 2005 de conselhos reais e concretos que vai implementando no seu dia-a-dia. Aquilo que nos tocará a todos para enfrentar a grande crise do próximo século. A água cada vez mais longe das torneiras. A água cada vez mais cara. A água cada vez mais funda. Como pequeno exemplo recordo a cidade do México que foi construída há muito tempo numa grande bacia cercada por montanhas que alimentavam rios e riachos com as nascentes das suas vertentes. Com o aumento de consumo de água na cidade os “campesinos” imigraram para a “grande bacia” uma vez que começaram a ter falta de água nos seus poços e não podiam dedicar-se à agricultura. Assim a cidade do México alberga actualmente mais de 10 milhões de almas. Os poços da cidade deixaram de produzir. Agora são furos que os substituem a profundidades cada vez maiores. O centro da “grande bacia” afundou-se cerca de 8 metros. E continua a afundar-se. Porquê? Porque a ausência da componente líquida do solo fez com que a parte sólida-solo ocupasse essa ausência. Quanto mais líquido é bombeado mais afunda a cidade. A cidade do México é alimentada por uma rede gigantesca de adutoras que são alimentadas para lá das cordilheiras envolventes. O drama da cidade mais populosa do mundo fez-me lembrar os ensinamentos práticos do dia-a-dia que a Fátima Ferreira teve a gentileza de nos indicar. A água não vem da torneira. Vem de muito longe e cada vez mais fundo. E não falemos em desertificação do Gobi, do Kalaari, da Austrália, do Norte de África, etc. Kalonge |
Publicado por Pedro Santos Cardoso às 19:38
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