Francisco Assis No Majestic*
1. Concluiu-se o ciclo de tertúlias à esquerda no Majestic, na próxima quinta é já a vez da coligação de direita (faltaria ainda a coligação PND/PPM, mas enfim...). À medida que nos aproximamos da esfera de poder, menos coisas interessantes têm os candidatos para nos dizer, mais ensaiada é a sua postura, mais domesticada é a plateia. A noite de Quinta passada, comparada com outras noites, foi desagradável em muitos aspectos, a começar pelo tom de comício que alguns apoiantes menos avisados tentaram imprimir a esta iniciativa que pretende ser apenas uma tertúlia e nada mais do que isso. Salvas de palmas a propósito e a despropósito, perguntas da assembleia nitidamente ensaiadas e uns inacreditáveis «Muito bem! Muito bem!» lançados ao ar porque sim. Em definitivo, os partidos parecem dispostos a matar a política. A responsabilidade também deve ser atribuída ao candidato: até ver, nenhum outro candidato falou tanto de Lisboa, do FCP e do seu adversário directo, como Assis falou. O populismo andou no ar. De tal maneira, que, por diversas vezes, Carlos Magno teve reencaminhar o candidato para os temas que realmente importam e, numa das vezes, teve até de tirar o micro das suas mãos. De facto, coisas há que nem vale a pena discutir, como a importância do FCP para a cidade. Isso é um dado adquirido, ponto final. 2. Mas vamos lá ver o que mais por lá se passou. Para já devo dizer que bastou a conversa começar às 22:15 em vez das 21:30 para que deixasse de haver interferência entre quem lá estava para jantar e quem lá estava para conversar. Não sei se foi por opção da organização ou por um feliz atraso do candidato, mas assim estivemos todos mais à vontade. Uma vez feita a apresentação do candidato por Carlos Magno (lembrando as palavras de Rui Rio de há 4 anos atrás, segundo as quais não seria candidato em 2001 de Assis então tivesse avançado), Assis anunciou que estaria disponível para todos os debates sobre a cidade se viesse a ser líder da oposição, assumindo, desde logo, a sua intenção em aceitar um lugar de vereador caso não ganhasse as eleições e, no caso de vencer as eleições (isto já no final da tertúlia) assumia o compromisso de ali voltar para fazer o balanço e debater os seus primeiros 6 meses de governação (está registado e não será esquecido). Teixeira Lopes e Rui Sá já assumiram compromissos idênticos. Só falta Rui Rio. 3. De um modo geral, o discurso não foi lá muito original: Porto como capital de uma região (de Aveiro a Braga) com 3 milhões de habitantes – o que significa que ser-se presidente da Câmara do Porto é ser-se mais do presidente da Câmara do Porto – mas que sem encontra num profundo estado de degradação urbana, social e cultural. Solução: sociedade do conhecimento, «choque tecnológico», ligações mais próximas entre a Universidade e as empresas, etc. Queiram-me desculpar este relatório em jeito de esboço, mas estas propostas, tal como o FCP (e eu que sou sportinguista...) nem se discutem. O caminho é mais do que óbvio. O que já é discutível são as propostas «conservadoras» de Francisco Assis, como a do Media Parque (concordo com a argumentação de TAF). Digo que esta proposta é conservadora porque é da família daquelas propostas eleitoralistas, lançadas com um certo à vontade por tudo o que quer ser autarca. É exactamente da mesma estirpe que a promessa da escada rolante na 31 de Janeiro do saudoso candidato Taveira (lembram-se?) ou da candidatura da cidade do Porto à organização dos Jogos Olímpicos prometida pelo mesmo personagem. Esta estratégia já é jurássica e cada vez cola menos. É tempo de o PS começar a pisar o mesmo chão que todos nós pisamos. O que acabei de afirmar também vale para o parques tecnológicos (mais uma vez de acordo com TAF), pavilhões multiusos e parques urbanos insustentáveis. 4. Relativamente ao problema da reabilitação da Baixa, constata-se que a esquerda faz o pleno: do BE ao PS ninguém parece satisfeito com o modelo de actuação da SRU PortoVivo. Francisco Assis manifestou a sua preocupação com a possível redução da Baixa a uma espécie de condomínio fechado. Entretanto lá foi assumindo o compromisso de utilizar todos os programas existentes para reabilitar 100 casas por ano, ao mesmo tempo que manifestava as suas reservas relativamente às parcerias público-privadas. Parece ser uma equação de difícil resolução. Quanto a equipamentos uma boa notícia: não tem uma visão fontista da gestão municipal, pelo que em vez de se dedicar à construção de novos equipamentos procurará dar uso aos que já existem e que estão subaproveitados. Por último, na questão dos Aliados com esta frase lapidar «Não quero uma mudança de regime, mas de modelo» tratou de desenganar quem vinha aqui à procura de um outro tipo de bom senso, que não o do tipo «agora que o mal está feito...». 5. Também tenciono fazer o pleno e quinta-feira lá estarei para ouvir, apesar de tudo, o que Rui Rio nos tem para dizer. Entretanto, creio já ter tomado uma decisão em relação ao meu voto. Para a semana conversaremos sobre isso. (PS: esqueci-de da máquina fotográfica, mas o Cristóvão resolveu o problema. Acho que ficámos a ganhar...) |
Publicado por David Afonso às 01:01
Comments on "Francisco Assis No Majestic*"
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Caro David Afonso
Com muita pena minha, não pude assistir aos debates com Rui Sá e Franscisco Assis no Majestic. Por esse motivo, tenho lido com muito interesse os teus relatos (aqui e na Baixa). Muito obrigado.
Pedro Aroso