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sexta-feira, outubro 21, 2005

A Entrevista Da Ministra (II de II): Tiro Ao Alvo

1. «Outra decisão que tomámos foi a de encerrar já no próximo ano lectivo aquilo a que chamo "escolas de insucesso", que são sobretudo do 1º ciclo...»
- Já que não tem cura, manda-se abater. Mas isto não é atirar com a porcaria para debaixo do tapete? Se levássemos esta lógica até às últimas consequências tínhamos então encerrar o país! Mas as estatísticas ficariam muito mais apresentáveis, sem dúvida!
- Ainda bem que a senhora não está à frente do Ministério da Segurança Social???? Safa!

2. ««...a correlação é impressionante. O cruzamento das taxas de repetência com a dimensão das escolas permite desenhar um gráfico de uma clareza total. As taxas anormais de insucesso estão praticamente todas localizadas em estabelecimentos com menos de 20 alunos. Pedi para as listarem e chegámos a um total de 512. no próximo ano estas escolas já não abrirão, uma responsabilidade que terá de ser partilhada com as autarquias.»
- Uma correlação não significa necessariamente uma relação de causa / efeito. M.L. Rodrigues deve saber que essas escolas com menos de 20 alunos se encontram em zonas social e economicamente deprimidas. O subdesenvolvimento e a indigência cultural generalizada são a verdadeira causa do insucesso escolar. Bem pode a ministra obrigar essas crianças a um êxodo diário, condená-las a viagens de autocarro que podem demorar horas para que então estas possam ser integradas numa escola maior, que o máximo que conseguirá é diluir o problema. Enfim, desentortar o gráfico...
- Entre um gráfico e uma estatística a ministra arranja tempo para olhar pela janela fora enquanto faz um scandisk mental. Um lacaio licenciado em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto serve-lhe o primeiro café do dia...

3. «Os professores têm o direito de pedir para mudar de escola todos os anos, o que não é aceitável.» (...)
«O que importa é contrariar a cultura de mobilidade há muito enraizada.»
- Não entendo: então o ministério lança os professores aos sete ventos, espalhando-os pelo país e depois queixa-se da «cultura de mobilidade»?
- Devem os professores acatar a benesse do trabalho a 300 km de casa, sem tentar sequer um esboço de defesa?
- Nada mal! Fecham-se as escolinhas que só dão mau aspecto, desterramos os professores... Hmmm... e se extinguíssemos o ministério?...

4. «Setenta por cento dos professores são mulheres, as mulheres têm filhos e têm de cuidar deles...»
«A especificidade do absentismo no ensino é que tem um efeito muito maior.»
- Prémio: «Volta BCP que estás perdoado!»
- Vamos lá entender os professores! Já educam os filhos dos outros e ainda têm a coragem de conceber os seus próprios filhos! Ainda por cima querem trabalhar numa escola perto deles e tudo! É... têm falta de sentido estatístico.

5. «Uma criança entra na escola para estudar o dia todo, não pode, por uma razão qualquer, ficar sem aulas e ir jogar à bola...»
- Isso não é uma escola, é um cárcere!
- A aprendizagem informal, a socialização pelos pares, a liberdade de respirar não são permitidas. Apenas quando monitorizadas por um profissional encartado.
- Já agora: isso de jogar à bola não é nada mau. É que nem todas as crianças ou adolescentes têm a possibilidade de frequentarem actividades como bailado, ténis ou natação fora da escola. Muitas não têm nos seus bairros espaço para a prática de desporto ou têm mais em que pensar que isto da vida é complicado para muita boa gente. Três horas de educação física por semana não servem para nada. Deixem a rapaziada jogar uma futebolada quando o professor de matemática pôr um artº 102!

6. «O facto de um professor em concreto não se sentir preparado não pode servir para se rejeitar em abstracto uma medida que tem toda a razão de ser»
- Assim, visto do meu gabinete não estou a ver qual será o problema!

7. «Mas a desmotivação não pode ser invocada para resistir, pois, quando vou às escolas, não é isso que sinto.»
- Pois não. O que a senhora ministra vê é um cenário cuidadosamente montado. Se reparar bem, verá que até a farda dos auxiliares é novinha a estrear e que aquele coro de crianças não é espontâneo e o sacana do Zézinho foi mandado para casa para não incomodar sua excelência.. Kim Jong Il nas suas deslocações oficiais também acha o seu povo muito alegre e confiante.

8. «Vou avaliar os exames antes de tomar qualquer decisão. Não excluo a hipótese de ser necessário mudar...»
- Acho bem! Se os exames de avaliação do 9º ano que a senhora ministra vai avaliar nos envergonharem, queime-os. Não vão eles estragar as estatísticas...

Comments on "A Entrevista Da Ministra (II de II): Tiro Ao Alvo"

 

Blogger H.CPA said ... (outubro 22, 2005 1:17 da manhã) : 

Esta senhora não existe! Não sei se pensa depois de falar, mas antes não é com certeza. Isto para não mencionar as gaffes de bradar aos céus gregos profusos de deuses. Noutra altura ou lugar já teria retomado o seu caminho.

 

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