A PT e Eu
Esta história teve início exactamente no mês de Outubro de 2004. Tinha duas linhas PT: uma em casa e outra no escritório. Entretanto mudei de escritório e tive de desistir dessa linha. Aqui é que começou o pesadelo. Ainda hoje não percebi como tal foi acontecer, mas os serviços técnicos da PT, num estranho ímpeto de eficiência e rapidez, desactivaram logo no dia a seguir a linha telefónica... lá de casa em vez da do escritório! Mal me apercebi da situação (não sem antes ter gasto uns bons euros ao telemóvel na tentativa de desvendar o mistério do telefone que perdeu o pio junto dos serviços de apoio ao cliente que ía debitando toneladas de publicidade; este serviço só é gratuito de ligarmos de um telefone da rede fixa, mas, caramba!, e se tivermos o telefone avariado?) dirigi-me a uma Loja PT (um sítio onde esperamos meia dúzia de eternidades nas filas compostas por reformados que tentam perceber a lógica da facturação da PT). Aí, uma funcionária do balcão de atendimento invulgarmente prestável resolveu-me o problema em três tempos! Isso julgava eu... Acontece que a senhora teve de simular um pedido de instalação de linha lá pra casa - «Senão o computador não aceita, sabe?» - ao mesmo tempo que telefonava a um amigo que trabalhava na central para, à margem dos procedimentos normais, proceder à reactivação imediata da ligação, sendo tal possível porque «Não era tarde demais» (disse-me ela pregando-me um olhar de cumplicidade; por mim, não fazia puta ideia do que ela estaria a falar, mas, por educação, devolvi-lhe o olhar de cumplicidade). E pronto! Cheguei a casa e o telefone já funcionava! Mas... «Quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos». Aproveitei o fim-de-semana prolongado para ir até ao Algarve relaxar e aproveitar as delícias da época baixa. Não consegui. Os senhores da PT estavam dispostos a tudo! Fui bombardeado por dezenas de telefonemas: uns diziam que tinham ali um pedido de desactivação, outros tinham um pedido de activação, outro – que devia ser o supervisor – precisava que lhe explicasse detalhadamente o sucedido. Aos poucos fui perdendo o contacto com a realidade até chegar ao ponto de me ver a insultar aos berros um desconhecido do outro lado do telefone, amaldiçoando gerações inteiras de técnicos da PT (que hão-de arder no Inferno, se ainda existir justiça divina). Lívido de raiva, desliguei o telemóvel e fiquei a olhar para o mar. Onde estávamos nós antes de tudo isto começar? Epílogo: consegui manter a linha em casa e só alguns dias mais tarde é que os serviços atinaram em desactivar a linha do escritório. Final feliz? Calma, ainda há mais... |
Comments on "A PT e Eu"
Nem Kafka, David, nem Kafka!... Penso que já me tinhas narrado essa situação na última noite de copos. Mas, sem dúvida, és melhor na escrita do que na oralidade! O texto está fantástico!
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Comigo aconteceu uma coisa parecida... Transferi a conta PT do escritório para uma conta associada de telefone e Internet (Novis/Clix) e fiquei uma semana sem telefone. A PT invocou uma avaria, ilibando a Clix de qualquer responsabilidade. Mesmo assim, para me compensar do transtorno, a Clix ofereceu-me três mensalidades (cerca de 100,00 euros). Mas a história não acaba aqui: na lista telefónica, o meu nome foi adulterado, sem que ninguém tenha assumido a culpa.
Pedro Aroso
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Bem... isto não é nada! Esperem só pelo próximo episódio!