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quinta-feira, dezembro 08, 2005

A Indústria Dos Manuais

Ontem vi na televisão um representante de uma mega-editora de manuais escolares a vociferar contra o governo, por este ter aumentado para 6 anos o período de vida útil de um manual adoptado. Dizia o senhor, julgando-se digno da nossa compaixão, que o governo ao tomar esta medida estaria a decretar a falência de muitas editoras. Algumas observações:
1. É dever das famílias ou do estado financiar artificialmente uma actividade económica? Terão as famílias portuguesas de desembolsar anualmente centenas de euros para satisfazer a ganância desta gente?
2. Ciclicamente os editores promovem o mais abjecto dos logros: "renovam" os manuais, mudando as capas, a paginação, retocando aqui e acolá, mas a merda continua a ser a mesma! Com esta esperteza inutilizam os manuais velhos (em quase tudo iguais aos velhos) e lucram muito mais do que seria legítimo!
3. As editoras pagam mal e porcamente aos seus colaboradores e têm muito pessoal a trabalhar a recibo verde para se produzirem manuais à pressão e até enciclopédias digitais! Note-se que estamos a falar de pessoal altamente classificado usado e abusado pelos pequenos gigantes nacionais da edição.
4. Conheço o caso de um manual de Tecnologias da Informação que foi revisto pelo... designer tarefeiro contratado por tuta e meia. Rigor científico... Pois, pois...
5. Frequentemente os técnicos contratados pelo Ministério para participarem na elaboração dos programas são contratados pelas editoras para «montarem» uns manuais (ex: Angelina Costa coordenou a equipa que elaborou o programa de Psicologia A é também co-autora do único manual disponível no mercado para essa mesma disciplina editado pela Porto Editora), situação que me parece, no mínimo, delicada.
6. Durante anos as editoras maiores abafaram toda a concorrência promovendo vários manuais concorrentes entre si para a mesma disciplina. O resultado foi o afunilamento do mercado, hoje dominado pela Porto Editora (creio até que já ultrapassou os 60%), levando a um aumento constante dos preços. Existem muitos manuais mas editoras poucas.
Por estas e por outras não tenho qualquer pena desta gente que tem vivido à custa de todas as famílias portuguesas. É tempo de acabar com a festa!
(PS: 6 anos?! Será que alguma vez passaremos mais de 5 anos sem qualquer reforma ou contra-reforma na educação? O mais natural é que não. Uma «reforma» na educação vale muitos milhões à indústria dos livros escolares.)

Comments on "A Indústria Dos Manuais"

 

Blogger Pedro Santos Cardoso said ... (dezembro 08, 2005 1:51 da tarde) : 

Muito bem!

 

Anonymous Anónimo said ... (dezembro 09, 2005 3:20 da tarde) : 

Seja qual for a cor dominante, certo e sabido que quem comanda o que quer que seja é o €.
Há leis que são (ou não) feitas pois alguém com € diz o que lhe (ou não) convém para o seu negócio; e no país há meia dúzia desses que, de facto, nos governam; não quero parecer demagógico ou «vitimizado»: é como as coisas se passam e, até agora, não parece haver volta a dar :-(

 

Anonymous Anónimo said ... (dezembro 12, 2005 8:48 da manhã) : 

Outras empresas que dominam o respectivo mercado: PT, ANA, Galp, etc

A única diferença é que tem sede em Lisboa !!!!

 

Blogger David Afonso said ... (dezembro 12, 2005 2:11 da tarde) : 

Ora aí está um ponto que nada me interessa...

 

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