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domingo, janeiro 22, 2006

Memórias

Acabei de votar. A nostalgia do passado bate-me à porta e espreita-me à janela, invariavelmente, nestes dias de eleições. Sempre. Entrar na escola preparatória onde passei dois anos da minha infância, rever cada canto, cada bloco. Já não há «os montes» lá atrás, como lhe chamávamos. Íamos sempre para lá, nos intervalos, lançar «torresmos» uns aos outros. Verdadeiras batalhas campais. Agora, em vez de «os montes», um campo de ténis. Mas o funcionário é o mesmo. Não mudou nada (ou, se mudou, não dei por isso): a mesma falta de cabelo, as mesmas costas semi-curvadas, as mesmas orelhas Topo Gigio, o mesmo olhar perdido, que só recupera a consciência quando há uma tarefa a executar. Depois, verdadeiras relíquias saem do baú. Pessoas que já não via desde a infância. Por onde andarão elas em dias em que não há eleições? No caminho de regresso (fiz questão de ir a pé, este exercício de arqueologia faz-me bem), cruzei-me com uma colega da escola primária. Gostávamos, naquela época, um do outro. Nunca mais falámos, nunca mais nos vimos. Quando olhei para ela, foi tarde demais: já ela passava, perpendicular ao meu ombro. Não nos cumprimentámos. Os cem metros seguintes, caminhei-os com uma certa tristeza por não lhe ter falado. Pode ser que nas próximas eleições a reveja.
Este sentimento estranho acompanhou-me até chegar a casa. Mesmo na hora do voto estive sob este efeito narcótico. Apesar de ter votado alegre. Mas, como disse há pouco, estes alfarrábios da memória, embora um pouco nostálgicos, fazem-me bem.

Comments on "Memórias"

 

Blogger David Afonso said ... (janeiro 22, 2006 5:58 da tarde) : 

Não te preocupes. Vais ter direito a uma segunda oportunidade no dia 12 de Fevereiro ;)

 

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