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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Apontamentos da Baixa*

1.
«Inquiriam-se os portuenses sobre os motivos pelos quais não se passeiam na Baixa do Porto à noite, como faziam na década de 80/90»
. Cristina, acha mesmo que vale a pena? É que o motivo é bem óbvio: se os portuenses já não se passeiam pela baixa como nos bons velhos tempos é porque... já não há portuenses na Baixa! O fenómeno do sentimento de insegurança resulta da desertificação urbana e não o inverso. Alinhando numa de inquéritos, parece-me que seria muito mais interessante averiguar a motivação daqueles que, apesar de tudo, escolhem a Baixa para viver e trabalhar. É que os transeuntes das ruas da minha cidade, não são apenas elementos da fauna deliquente. Repare bem: há muita gente que tem vindo a se instalar por aqui, atraída por algo que compensa todas as restantes contraiedades. Gente jovem, activa, com ideias. Gente que, em muitos casos, não tinha qualquer relação anterior com o Porto. É a gente que dá o corpo ao manifesto e que faz coisas interessantíssimas. A estes é que valeria a pena perguntar o que pensam da Baixa. De certo que é desse lado que encontramos as soluções para o futuro.
Ainda a insegurança: quem olha com olhos de ver para esta cidade, facilmente perceberá que o último dos nossos problemas são os arrumadores. Anunciar como prioridade do município a sua erradicação não passa de uma extravagância eleitoral. A energia e os meios dispendidos no Projecto Porto Feliz seriam muito melhor empregues na intervenção directa sobre os focos de deliquência juvenil. Em muitas cidades europeias, este problema foi assumido como prioritário por um motivo muito simples: é muito mais racional recuperar activos do que prender criminosos. Para estes casos não precisamos de mais polícia, apenas de mais política.

2.
Apesar de considerar que o valor destas coisas é quase irrelevante, fiquei surpreendido com o facto de a Loja Ponto Já (espécie de loja do cidadão para jovens...) se tenha instalado recentemente na... Boavista! Não seria mais coerente instalar este serviço na Baixa? Não é isso que a Câmara e a SRU Têm vindo a pedir aos privados? Os serviços públicos não deveriam dar o exemplo? O combate à exclusão social e à desertificação urbana devia também começar por aqui....

3.
Manuel Correia Fernandes alertou para um senão muito importante da instalação do Conservatório de Música do Porto dentro do recinto do Rodrigues de Freitas: o da preservação do património. Não nos podemos esquecer de que não estamos a falar de um edifício qualquer, mas de uma obra do grande Marques da Silva! Esperemos que não seja esta mais uma ocasião para mais uma má solução como as que têm vindo a saturar a paciência dos cidadãos. Esperemos que o processo seja o mais claro possível e que haja lugar para um verdadeiro concurso público de ideias. Não queremos mais soluções impostas.

4.
No JN: Teleférico sobre o rio custará 15 milhões. Será esta a nossa sina? Está-se mesmo a ver: o que nos estava mesmo fazer falta era um teleférico! Quando é que os nossos autarcas se deixam de vez de «obras do regime» e passam a resolver os nossos verdadeiros problemas?
[publicado n' A Baixa do Porto]
[Foto gentilmente roubada ao Carlos Romão d' A Cidade Surpreendente]

Comments on "Apontamentos da Baixa*"

 

Blogger Ricardo said ... (fevereiro 14, 2006 2:29 da manhã) : 

Espera-se que a cidade volte aos seus tempos aureos. Neste momento o futuro da Baixa é, ainda, uma incógnita. A Avenida dos Aliados terá uma nova cara - que quase todos consideram pior - e o tipo de comércio lá instalado não favorece a atracção ao local (na Avenida dos Aliados). Não é uma tarefa fácil e vou esperar para ver a tão publicitada reconstrução e requalificação da Baixa.

Abraço,

 

Blogger David Afonso said ... (fevereiro 14, 2006 3:01 da tarde) : 

«Esperar para ver» é apenas uma das atitudes possiveis...

 

Blogger Fernando Rola said ... (fevereiro 14, 2006 8:57 da tarde) : 

A discussão das razões da desertificação da Baixa pode ser contributo para algo que, finalmente, permita reverter a situação. E é um facto que a desertificação refsulta da falta de população. Centre-se aqui a atenção e talvez se conclua que é necessário acabar (por decreto, se necessário) coma especulação imobiliária e criar verdadeiras fórmulas que permite o regresso de quem foi escorraçado e a fixação dos jovens. A Baixa ressuscitará, com estas ou outras obras na Avenida dos Aliados. Haja políticos descomprometidos e com capacidade para agir...

 

Blogger David Afonso said ... (fevereiro 14, 2006 10:56 da tarde) : 

As obras nos Aliados são irrelevantes para uma viragem na reabilitação da Baixa. O problema é, como diz, a falta que as pessoas fazem.
Esperar pelos políticos também é apenas mais uma atitude possível.

 

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