Uma Questão De Coerência
 «Caros clientes: expressamos a nossa solidariedade com a comunidade egípcia e islâmica. O Carrefour não vende produtos dinamarqueses.» O Carrefour pretende boicotar os produtos de um país por actos privados praticados por A ou B, simples cidadãos do mesmo país. Nesta lógica, e de acordo com um princípio de Justiça, a cadeia de hipermercados deveria deixar de vender quaisquer produtos de quaisquer países e dedicar-se à pesca: é que em todos os países do planeta já houve pessoas - simples cidadãos - que fizeram algo reprovável. Até mesmo nos países alvo da solidariedade carrefouriana: ou não há muçulmanos que quase diariamente raptam e cortam pescoços? É certo que raptar e cortar pescoços são condutas menos gravosas do que esboçar caricaturas, mas ainda assim o Carrefour deveria boicotar os países-natal dos respectivos autores. Por uma questão de coerência. |
Publicado por Pedro Santos Cardoso às 16:06
Comments on "Uma Questão De Coerência"
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AA said ... (fevereiro 10, 2006 12:54 da tarde) :
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Pedro Santos Cardoso said ... (fevereiro 10, 2006 9:22 da tarde) :
post a commentSuponho que seja um Carrefour egípcio, e como companhia privada, livre de fazer o que quiser.
É preciso é que as pessoas percebam que ao não poderem consumir produtos dinamarqueses, ficam com menor escolha, o que funciona em seu desfavor.
A mentalide é muito socialista: "ao comprarmos estamos a dar-lhes dinheiro", uma falácia que ainda hoje gente mais informada tem dificuldades a ultrapassar. Só compramos porque o valor que associamos àquele produto é superior ao valor que damos ao dinheiro usado noutra aplicação. Logo, nós estamos a ganhar. Que os outros estejam e julguem o mesmo, é a maravilha do capitalismo que não vê fronteiras ou religiões...
Sim, AA, é egípcio. Está escrito no post.
Não concordo com o boicote, como se pode ler no texto. Porém, a frase «ao comprarmos estamos a dar-lhes dinheiro» corresponde, no meu entender, à verdade. Afinal, não lucram as empresas dinamarquesas com a venda dos seus produtos? Não vejo aqui nenhuma falácia.