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O Sr. J., contrabandista bem disposto – mas com um sentido de humor um tanto ou quanto discutível - estava num dia destes estendido no sofá a ver o telejornal, quando passou a notícia de que um bebé, que tinha sido dado como desaparecido há já mais de três meses, fora encontrado morto. Causa da morte: espancamento. Eis que o Sr. J., sempre muito espirituoso, resolve telefonar ao Sr. W., seu amigo das lides contrabandistas. O que o Sr. J. não sabe é que haviam sido autorizadas, por despacho do Juiz K., escutas telefónicas ao seu telemóvel. Andavam em cima dele por causa do contrabando. A mãe já o tinha avisado de que isso ainda o levaria à desgraça.
«Está lá? W?» «Sim, diz.» «Sabes aquele miúdo que foi encontrado morto?» «O que é que tem?» «É pá, fui eu que o matei.» «Ó pá, deixa-te de brincadeiras que eu não estou p’ra isso.» «Estou a falar a sério. Fui eu, pá.» «Estás a falar mesmo a sério?» «Já disse que estou, pá! Fui eu! E agora, o que é que eu faço?» «Pá, espera aí que eu passo na tua casa e falamos melhor.»
E desligaram. Os senhores que estavam à escuta não perderam nem um minuto da conversa. Após transcrição em auto da conversa, ela passaria a constituir prova documental. O Sr. J. estava tramado.
Passaram cinco minutos. O Sr. J. telefona de novo ao Sr. W.
«Tou?» «Sim, já estou a caminho.» «Volta p’ra trás, pá! Estava no gozo contigo, pá. O pior é que tu acreditaste mesmo!.» «Eu ainda te vou às trombas um dia destes, pá!» «Olha, já que vens a caminho vem mas é tomar um copo.» «Tá bem. Mas quando chegar aí não te livras de um cachaço.»
É chato que os senhores que estavam à escuta não tenham gravado esta segunda conversa por motivos técnicos. Isto é capaz de não ser bom.
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