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Foi recentemente realizada uma perícia à personalidade de Carlos Cruz. Nessa mesma perícia refere-se que não foi detectada nenhuma perturbação da personalidade. Por outro lado, adianta-se que «não se encontram indicadores que probabilisticamente correlacionem a personalidade do examinado com a prática dos factos que lhe são imputados».
No entanto, isto não passa de nota de rodapé. Aquilo que a comunicação social mais tem espremido é o sumo concentrado de o ex-apresentador apresentar, alegadamente, traços de «obsessividade, narcisismo, atitude sedutora, afabilidade embora com alguma desconfiança e algum nível de agressividade e traços paranóides». Claro. É isto que vende. Estas palavras fazem-me lembrar um pouco a co-incineração: as pessoas podem até nem saber do que se trata, mas o nome sugere que daí não vem coisa boa. Eu, por exemplo: gosto muito de ordenar os meus chinelos antes de dormir; quando viajo de comboio, escolho sempre as últimas carruagens; tenho para mim que o número 3 dá azar. Serei obsessivo? Narcisismo. Acaso haverá celeuma em alguém gostar de si ou da sua imagem? Atitude sedutora. Claro. Ter uma atitude sedutora é muito mau. Aliás, quase ninguém tem uma atitude sedutora. Qualquer pessoa sabe que a única postura correcta é a adopção de uma atitude repulsiva. Afabilidade, embora com alguma desconfiança. O que é que isto quer dizer? Finalmente, algum nível de agressividade - estou para conhecer alguém que não tenha algum nível de agressividade - e traços paranóides. Também eu os teria se estivesse há muito tempo privado da minha liberdade.
Culpado ou inocente, a justiça o dirá. Aquilo que repugna, que corrói, que corrompe, que mancha a democracia é a figura do juiz paralelo que dá ex ante a sua sentença. É a presunção de culpa que é sugerida pela notícia-sensação. Não conheço o processo. Se o Sr. Cruz é culpado ou inocente, não faço ideia. Mas uma coisa eu sei: quer seja condenado quer absolvido - nas instâncias próprias -, as hienas e os abutres já trataram de comer os despojos. Uma vergonha.
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