Lino Ferreira e o Carolina*
É com alguma preocupação que tenho seguido a novela da nova localização do Conservatório de Música do Porto. Apesar do Ministério da Educação ter proposto uma solução razoável para o problema gerado pela Câmara Municipal do Porto, a qual passaria pela construção de um edifício de raíz nas imediações da Escola Secundária Rodrigues de Freitas, o vereador do urbanismo Lino Ferreira insiste na localização no edifício da Escola Secundária Carolina Michaelis. Esta opção implica o encerramento deste estabelecimento de ensino público e isto eu não consigo compreender: Se já existe uma solução que parece ser equilibrada, para quê insistir numa outra solução que lesará a cidade? Desafio qualquer um a me indicar qualquer outra cidade em que a autarquia se esforce tanto por ver encerrada uma escola do seu próprio concelho. A este propósito queria deixar aqui apenas três prontos de reflexão seguidos de um desafio: 1) Qual o sentido de encerrar um estabelecimento público de ensino quando autarquia, o estado central (através do INH) e os próprios privados têm vindo a investir na reabilitação da baixa? Daqui a uma década a população do núcleo da cidade voltará a um ponto de equilíbrio e nessa altura não existirão todas as condições e serviços de apoio necessários. A não ser que o próprio vereador do urbanismo não acredite nas suas políticas de reabilitação da baixa. A persistência demonstrada no encerramento do Carolina é um sinal contrário à ideia de um renascimento do centro histórico. 2) A localização do Carolina – à beira de uma estação do metro, situada junto à Boavista e no limiar da ZIP (Zona de Intervenção Estratégica) – é muito interessante se tivermos em consideração que a oferta educativa hoje pode ser diversificada e especializada. Um bom Projecto Educativo pode atrair estudantes dos concelhos vizinhos para esta escola, funcionando ela própria como um motor de dinamização da cidade. 3) Por mais que se olhe não se percebe quem fica a ganhar com a solução do Dr. Lino Ferreira: Os alunos do Carolina e as respectivas familias? Os alunos do Conservatório? A cidade? Nenhum deles. Em termos objectivos apenas os estabelecimentos de ensino privado é que lucrarão com esta medida. O desafio: no dia 9, o vereador do urbanismo admitiu a «possibilidade de redigir e distribuir aos vereadores um documento de reflexão sobre a futura localização do Conservatório». Que o faça, mas que partilhe esse documento com todos os cidadãos a partir do site da CMP (que também devia servir para estas coisas). Daí não advirá mal algum para a democracia. Bem antes pelo contrário. |
Publicado por David Afonso às 22:27
Comments on "Lino Ferreira e o Carolina*"
Confesso não conhecer as razões que levam à saída do Conservatório do Porto da Rua da Matrnidade, mas reconheço que aquele espaço é bastante exíguo se atendermos à vastíssima lista de espera para entrar naquela instituição.
No entanto, no início do projecto Casa da Música era suposto que o Conservatório ficasse lá albergado! Não ficou, mas que seria interessante que os alunos convivessem diariamente com esse espaço e lhe dessem vida, não tenho a mínima dúvida!
O modo pelo qual a Adicais se apoderou dos terrenos destinados ao Conservatório é uma das páginas mais negras da história da nossa autarquia.