Lisboa Morna
Lisboa hoje [ontem] estava morninha, tendo em conta a ventania e a chuva dominantes por Aveiro (inevitabilidade da Feira de Março, as we all know). O Rossio, fascinante de tanto para onde olhar, quase novaiorquino de diferença - sapatos cor de rosa, mangas curtas, turistas, rastas, casais de gays a namorar (porque é que se assumem mais os homens? Haverá mais?) - e de queros-lá-saber-que-olhem-para-mim. Um taxista simpático, excepcionalmente não voador, a acusar com humor a falta de clientes. Solzinho e esplanada, um lugar para almoçar sentada, com chocos sem tinta e batatas a sério. Good company, discursos sintonizados. Então porquê o desconforto? O indivíduo que andava de mesa em mesa a apanhar os restos das mesas e a comê-los. A fulana descalça a beber vinho e a invectivar quem passava. O outro fulano de boné na mão “hoje ainda não comi nada”. O cego do acordeão. O homem-estátua, cinquentas e tais, vestido de palhaço em cima de um banco. A mãe e 3 anitos de miúda a pedir, e os olhos desta quando a rapariga, a comer a pizza, lhe deu uma fatia. (Para a próxima levo o portátil e faço deletes sucessivos. Hoje queria só primavera.) |
Publicado por Anónimo às 17:53
Comments on "Lisboa Morna"
Quem lê a primeira parte do seu post pensa que Lisboa se tornou uma capital definitivamente cosmololita. Sabemos que cosmopolitismo em Lisboa signífica condições magníficas para o seu exercício (a atmosfera da cidade, a evidência das diferenças, a temperatura amena), no entanto a cidade mantém-se ainda numa posição (ultra)periférica, simultâneamente bela e deprimente. Nada cosmopolita, portanto. Os contrastes vão da extrema pobreza ao maior dos luxos... Não há Primavera que nos console!... Mas haverá blogues para conquistar a urbanidade. A Graça confia nisso?
Estranhamente o meu nome não aparece linkado. Por isso repito a operação com o nome de página. Sorry.