Pontes e Trampolins*
Filipe Menezes apresentou, não sem vaidade, uma nova proposta para uma travessia pedonal do Douro. Pelo pouco que se sabe, parece ser um projecto de qualidade estética e, presumivelmente, técnica, dado tratar-se de um projecto de Adão da Fonseca. Esta é mais uma daquelas operações filipinas: muito foguetório e pouca consequência. Não existe mal nenhum com o projecto (salvaguardando as pertinentes críticas de Carlos Gilbert e de Rio Fernandes ), o que é absurdo é que se “projecte” uma ponte sem consultar quem está do lado de lá. O autarca de Gaia parece confundir pontes com trampolins. É que as primeiras servem para ligar duas margens e os segundos servem para saltos acrobáticos e nada mais. Esta ponte como foi lançada a partir apenas de uma das margens é, na verdade, um trampolim camuflado de ponte. A situação é deveras absurda. Em Fevereiro a SRU torna pública a sua vontade em relançar a ideia de uma ponte pedonal a ligar Porto e Gaia, ficando no ar a possibilidade de abertura de um concurso público. Nessa altura, o engº Adão da Fonseca reafirma a sua vontade em retomar o velho projecto da travessia colada ao tabuleiro inferior da ponte D. Luís. O mesmo projectista que tira agora da cartola – menos de um mês depois - um novo projecto por encomenda da C. M. de Gaia! Alguém é capaz de me explicar tal coisa? Entretanto, gasta-se tempo e dinheiro público nestas brincadeiras. [*publicado n'A Baixa do Porto] |
Publicado por David Afonso às 17:28
Comments on "Pontes e Trampolins*"
David, quando vi a noticia sobre a ponte pedonal, além da perplexidade perante a necessidade desse projecto e os custos que implica, tinha ficado com a ideia que as duas autarquias concordavam e até já estavam à espera para poderem concorrer ao próximo quadro comunitário de apoio.
Zé,
Nada disso. Não temos essa coisa de «bom senso» por aqui.
Ok, devo ter percebido mal, mas haverá bom-senso na construção de uma ponte pedonal de raíz?
É tudo uma questão de prioridades. E também de forma.