A Regionalização
Três grandes blogues ligados à região de Aveiro e dos quais sou leitor assíduo - Notas Entre Aveiro e Lisboa, Tomar Partido e Arestália - vieram recentemente manifestar-se contra a regionalização. Todavia, a regionalização é útil, necessária e urgente. 1) Esta questão deve ser tratada sem populismo nem demagogia. Falo em populismo e recordo-me imediatamente do vídeo do Partido Popular no Tempo de Antena que foi para o ar aquando do último referendo à regionalização. Uma tesoura recortava Portugal aos pedacinhos e falava-se em retalhar (ou palavra símile) o país. Isto é um exemplo de escola de falta de seriedade política e do mais puro populismo. Em vez de se contraditar os argumentos da regionalização, socorre-se de uma frase com a qual todos concordarão - quer adeptos da regionalização, quer não adeptos. Como se as regiões pudessem alguma vez formar países independentes ou estivesse em causa o princípio do Estado unitário. A regionalização não vem retalhar, dividir, ou seja lá o que for. Os alentejanos sentem-se alentejanos e não se sentem menos portugueses por isso. 2) A democracia só tem a ganhar com a regionalização. As decisões da competência do Executivo - portador de legitimidade democrática indirecta - sobre matérias que, não sendo de âmbito nacional, são no entanto de âmbito mais alargado do que o municipal passam a ser da competência de órgãos eleitos pelas respectivas populações - a quem as mesmas decisões afectam e os problemas estão mais próximos -, com inegáveis vantagens em termos de responsabilização política e relação eleitores/eleitos. 3) A região administrativa representará o interesse da região concertada e coordenadamente como um todo, ao passo que numa qualquer associação de municípios - seja de que espécie do género for - tende ao bloqueio, à divisão e ao impasse, porquanto os municípios não zelam pelo interesse da região unitariamente considerada, mas sim pelo interesse do seu município em especial. Daí muito dificilmente haver verdadeira coordenação. 4) Fala-se que é preciso reduzir o número de políticos e, por aí, reduzir a despesa e o peso do Estado. A regionalização não virá agravar sobremaneira a depesa pública. A verdade é que haverá transferência de meios e competências que hoje estão sob depósito da administração central para as regiões. Com isto reduz-se a carga humana e os encargos dos centros decisórios centrais. Por outro lado, sempre se poderá proceder à extinção de verdadeiros apêndices, como é o caso dos Governos Civis. 5) A Susana Barbosa alega que se trata de uma manobra de diversão do executivo para «tapar o sol com a peneira», fazendo obnubilar os reais problemas do país. Mas o que é certo é que a descentralização pode bem ser um aliado na resolução de muitos desses problemas a médio/longo prazo. A distância que separa a administração central de zonas longínquas do mapa e que carecem de soluções coordenadas com a sua vizinhança é um entrave ao desenvolvimento harmonioso do país. Se uma decisão afecta determinada população, deve ser ela a decidir. A eficiência agradece. 6) Refira-se que a instituição das regiões administrativas, após referendo favorável dos portugueses, está prevista na Constituição. Referendo, já! |
Publicado por Pedro Santos Cardoso às 20:16
Comments on "A Regionalização"
Muito bem! Um dia destes também hei-de dar uma palavrinha sobre este assunto
A regionalização administrativa sim, agora a Politica nunca. Já não basta os autarcas que temos, agora iamos ter presidentes regionais a comprar aviões para passear até Lisboa!
Xissa!!!!
Ó Luis, vá, vá!
Faça saltar um argumento como deve ser. Eu sei que é capaz, vá lá...
Antes de mais, muito obrigada pela referência!
Mas e então o Pedro acredita que abdicar da tradicional forma administrativa dos distritos e optar por dividir o país em apenas "5" regiões, será um bom modelo para descentralizar?... ou apenas para centralizar "novos poderes"?
Luis,
se os políticos comprarem um avião com os seus fundos pessoais, acho muito bem. Só contribuem para a dinamização da indústrica aeronáutica. Agora se o fizerem com fundos públicos para uso privado, isso já é um problema com a polícia.
Susana,
estava apenas a discutir a bondade da regionalização em abstracto. Já a questão de saber em quantas regiões deve ser dividido o território, penso que é indagação acessória. Afinal, discorda da regionalização em si ou da divisão do território apenas em 5 regiões?
"Novos poderes". Não são novos poderes, Susana. São poderes que são transferidos de um sítio para o outro. Da administração central para as populações que serão afectadas pelas decisões que lhe digam respeito.
Não é que não concorde com a regionalização, mas o caso do distrito de Aveiro teria de ser muito bem visto. Arriscamo-nos a ir para a região norte e o concelho da mealhada não concordar ou ir para a região centro e ai serem os concelhos do norte do distrito como Santa maria da Feira, São João da Madeira ou Castelo de Paiva a não concordarem. Mas penso que a regionalização em si está bem pensada e penso que seria uma solução mais agradável que as actuais áreas metropolitanas e comunidades urbanas. Por aqui me fico. Um grande bem-haja para todos.
Muito mais importante do que a "Regionaliza São ..." e a "Administra São ..." e a "Constitui São" é ...
? Porque é que nós Portugueses somos um Povo Atrasado e que, definitivamente, Não Evolui?
Exemplo simples. “Trabalha-Dôr" versus “Work-Pain” ( ou “Computa-Dôr” versus “Comput-Pain”).
A palavra “Trabalha-Dôr" em inglês lê-se/escreve-se “Worker”. Já imaginás-te se ela se lê-se/escrevesse “Work-Pain”. Até os Americanos e/ou Finlandeses seriam muito mais atrasados que nós.
Ou ainda “Ih-Nova-Dôr” / (“Ih-New-Pain”)
Aqui vai mais um texto pequeno elucidativo da culpa da Língua Portuguesa.
Os Portugueses começam o dia, logo pela manhãzinha, ao som do “Desperta Dôr”.
De manhã, logo ao começar do dia, começam a ouvir: “Desperta Dôr”. Está na hora. “A Corda” (parece que vai ser enforcado).
Leva o filho para o Infantário e entrega-o ao “Educa Dôr” dele. Mas antes diz-lhe: “Olha o Ataca Dôr”.
A 2 quilómetros da Fábrica o carro avariou. Era problema no “Carbura Dôr”.
Chegou atrasado ao trabalho e teve que ir falar com o “Administra Dôr”. Este disse-lhe que com tantos atrasos o caso dele era “Preocupa Dôr” e que assim o “Emprega Dôr” podia dispensá-lo. Por isso, “Dôr Avante” veja se é “Cumpri Dôr” dos horários.
No trabalho (é “Desenha Dôr” e trabalha num “Estira Dôr” e num “Computa Dôr”) ouve dizer que tem que ser: “Trabalha Dôr”. E que para ser “Ih Nova Dôr” tem que pensar. Ou seja, tem que ser “Pensa Dôr”.
No fim do dia de trabalho, chegam ao “Pré Dio” já cansados e carregam no botão para chamar o “Eleva Dôr”.
À noite, devido ao frio (más construções) tem que ligar o “Aquece Dôr”.
Aproveita para ver o correio e vê que já chegou o seu Cartão de “Dá Dôr” de Sangue.
A mulher, que é Professora de “Má Temática”, desanimada, diz ao marido: “Oh home. Eu sei que sou boa Professora de “Má Temática”. Esforço-me por dar bem as aulas e que os alunos aprendam. Mas nenhum deles gosta de “Má Temática”. Todos me dizem que a culpa é da Língua Portuguesa (interpretação). Porque será?!”. “Não sei mulher”. Responde-lhe o homem. E volta a colocar o “Ausculta Dôr” para ouvir música.
Vão pôr o filho a dormir e dizem-lhe: “Oh meu filho, tu és “A Dor a Dôr””.
De madrugada, por volta das 3h da manhã, quando finalmente “A Dor Meço” – com a ajuda de Xanax – eu lá “Dôr Mia”.
E no dia seguinte, por volta das 6.30h (é ”Madruga Dôr”), lá está novamente o “Desperta Dôr”.
SOLUÇÃO PARA OS PORTUGUESES DEIXAREM DE SER COITADINHOS:
Acabar com a Língua Portuguesa e começar tudo a Falar/Escrever/ Pensar/Imaginar em Inglês.
E assim ficariam “Elegantes”. Ver figura em http://madrigal.blogs.sapo.pt/654.html
Ver mais em “As PALAVRAS ÚTEIS Portuguesas estão, PRACTICA-MENTE, todas XUNGADAS!”, Blog http://eunaodesisto.blogs.sapo.pt, 2.Dez.2005. (http://eunaodesisto.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_12.html#870309)
PS: Uma das coisas que mais LAMENTO neste momento é NÃO TER BAGAGEM para explicar porque é que a Língua Portuguesa nos torna tão coitadinhos desde pequeninhos.
Mas sei que há MILHARES DE DOUTORES e PADRES que têm essa Bagagem e estão muito caladinhos.
EXTRAS:
1 – Canadá despede Emigrantes Portugueses que não saibam Inglês.
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1251467&idCanal=95
É assim mesmo. Eles que aprendam Inglês e/ou Francês. Assim ganham eles, ganham os Filhos e ganha o Canadá.
2 – “Avião da TAP falha pista em São Paulo. LÍNGUA PORTUGUESA CONFUnDE” http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=193489&idselect=10&idCanal=10&p=94
mauricio_102@sapo.pt
Eu discordo da regionalização num país tão pequeno como Portugal, Pedro. Mais ainda, no modelo das tais cinco regiões! Creio que seria bem mais ajustado tentar melhorar e reformular o que temos de errado e que vai mal nos distritos. Parece-me é que este governo estará a querer tirar partido da regionalização para voltar a dar, dividir e reinar...
Susana,
Quantos distritos temos? E é um país tão pequeno...