Comércio à deriva*
No passado Sábado, o Diário de Notícias deu alguma atenção ao problema do comércio tradicional na Baixa do Porto. Como seria de esperar a presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Laura Rodrigues foi então entrevistada tendo aproveitado a oportunidade para abrir a manta das lamúrias do costume, assumindo uma postura derrotista ao afirmar coisas como esta: «O comércio tradicional da cidade do Porto está morto e enterrado». Se assim é, então mais valia a Associação pura e simplesmente se extinguir ou – o que seria mais fácil - mudar de direcção. Os comerciantes têm toda a razão quando denunciam a concorrência desleal dos shoppings que entretanto cercaram a cidade, também têm toda a razão quando se queixam do poder político, mas também teriam toda a razão se se queixassem deles próprios. O comércio tradicional tem de dar uma grande volta: variar horários para irem de encontro às necessidades do cliente, abrir ao Domingo (experimentem passar pela FNAC na Stª Catarina ao Domingo para verem se há ou não há clientela), tornar os espaços mais agradáveis, especializar a oferta, estabelecerem parcerias, colaborarem na limpeza urbana (às vezes são os primeiros a dar o mau exemplo). O modo como o Urbcom foi gerido ou como o Modcom passou ao lado ou ainda o arrastamento do caso do Cinema Batalha são sintomas de um adormecidmento e de uma incapacidade de reagir, são um sintoma não da morte do comércio mas da associação. Outra prova disso é que Laura Rodrigues revela desconhecimento sobre o fenómeno dos novos espaços comerciais mais ou menos alternativos que têm vindo a aparecer um pouco por toda a Baixa (alguns exemplos aqui, aqui e ainda aqui). No entanto, mesmo desconhecendo esta nova realidade, não se inibiu de lhes lançar uma espécie de praga: «Não vão ter a afluência necessária e terão as dificuldades do restante comércio tradicional». |
Comments on "Comércio à deriva*"
A essa senhora ninguém a tira do poleiro. Urbcom? Foi uma boa oportunidade para canalizar alguns projectos para as mãos do próprio filho. Alguém tinha de ficar a ganhar...