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segunda-feira, abril 10, 2006

Foi você que pediu uma portagem?

As portagens são o campo da luta ideológica dos nossos dias. Nada como as portagens de auto-estrada para se perceber o rumo da politica dos nossos governos.
Vem um governo e há portagens para toda a gente porque a verdadeira democracia está na existência de uma portagem para cada português. Vem outro e tira as portagens do anterior apenas para voltar a colocá-las noutros locais, mas segundo os próprios com uma orientação estratégica totalmente diferente.
De qualquer forma o princípio utilizador-pagador acabou por se generalizar e agora a única solução é pagas ou pagas.
E que bem que se paga... Paga nos impostos para a construção, porque não há ponte ou estrada que se faça neste país sem estar devidamente previsto no orçamento de estado, pagas para a manutenção, pagas durante a manutenção e pagas por mais tempo por causa da manutenção.
Ao abrigo de uma qualquer convenção de obscuros interesses de manutenção, o Estado cede os seus direitos de dono (quem paga costuma ser o dono e nestas coisas quem paga é sempre o Estado) a uma empresa do Estado, que depois se arroga ao direito de cobrar taxas para manter aquilo que anteriormente já foi pago pelo orçamento de Estado.
Depois disso, o Estado, dono da obra através do pagamento da mesma e da propriedade que passou para a empresa que mantém a estrada, resolve fazer mais uns cobres e privatiza a empresa que anteriormente criou recebendo de volta a maioria dos custos que teve.
Não contente, a empresa antes estatal, agora privada, passa a ter administradores próximos da cor que o Estado exibe em cada momento, que se divertem a estender o prazo de concessão sempre que o Estado (que continua a ter de pagar as estradas) pretende rever alguma coisa no contrato de concessão que ele próprio criou.
É o negócio da china, menos para a generalidade dos portugueses que não conseguem deixar de pagar várias vezes as estradas por onde tem de circular.

Comments on "Foi você que pediu uma portagem?"

 

Anonymous Anónimo said ... (abril 11, 2006 8:53 da tarde) : 

Não percebi onde está o negócio da china que não seja necessário, óbvio e transparente...

tirando a parte da colocação de administradores da cor do partido do governo (prática condenável, mas generalizada)...não percebo o sentido do ironismo.

Há uma verdade no post. As estradas são CARAS e têm de ser mantidas...a manutenção é, em pouco tempo...muito mais cara que a construção...
Demagogia barata, Zé?

 

Blogger José Raposo said ... (abril 12, 2006 2:03 da tarde) : 

Não Damásio, tu é que insistes em ver o que não está escrito, mas já começo a ficar habituado. Eu não disse em parte nenhuma que as estradas não eram necessárias ou até que eram baratas. Agora a engenharia financeira que está ligada a estas construções e à sua manutenção é tudo menos clara e transparente.

 

Anonymous Anónimo said ... (abril 12, 2006 3:56 da tarde) : 

Também já estou habituado a que tu digas que eu "vejo" coisas que não tão escritas quando não concordas com os meus comentários...mas, nós entendemo-nos assim ;)
O que vou dizer a seguir, sei que é inútil...mas vou insistir:

Eu não disse que tu disseste que as estradas são baratas ou desnecessárias. Sei que sabes que são caras e necessárias e é por isso que escreveste o post. Porque por serem caras servem de "arma de arremesso político"...não me tomes por ingénuo ;)

MAS é isso mesmo que eu critico no teu post: fazes demagogia com as posições dos vários governos, quando o sentido (na minha opinião) tem sido o correcto!
Construção pública, com ajuda europeia, concessão privada...manutenção privada! utilizador-pagador generalizado....
Ter em atenção os pormenores (com discussão pública) do tipo: a) haver sempre estrada alternativa há portagem; b)a interioridade, sim ou não?; c)isenção em zonas de congestionamento urbano (esta até foi o Guterres (e bem) que instituiu.

 

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