A metafísica dos costumes
Por vezes dou por mim a olhar fixo para um ponto, ao longe, espantado com a utilidade inenarrável da doutrina expelida da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal. [link relacionado] Algumas das [doutas] conclusões: «O exercício da sexualidade só tem uma verdadeira dimensão humana e cristã se for um veículo de amor, só se realiza num matrimónio heterossexual e monogâmico. Se no contexto desse matrimónio, algum ou os dois estão infectados, aí a utilização do preservativo é o chamado caso do mal menor.» É absolutamente aterrador o profundo conhecimento destes senhores da essência da sexualidade humana, não obstante os seus exercícios ascéticos de castidade. Nada mais acertado do que afirmar que o exercício da sexualidade só tem verdadeira dimensão humana se for um veículo de amor - quem afinal de juízo perfeito tem relações sexuais que não sejam motivadas por amor? só os macacos -; que só se realiza num matrimónio heterossexual e monogâmico - mas alguém conhece homossexuais? e polígamos, quem já ouviu falar? só se forem os orangotangos. E, como os seres humanos só têm relações sexuais por amor, monogâmicas e heterossexuais - não é outra a sua essência -, o preservativo só se justifica, neste quadro, para dar sustento às muitas familias que dependem da manutenção dos seus postos de trabalho na indústria do látex. O Dolo Eventual soube de fonte segura que Paris Hilton e Tomás Taveira foram convidados para a tribuna de honra. Todavia, ambos estiveram ausentes por motivos desconhecidos. |
Publicado por Pedro Santos Cardoso às 21:38
Comments on "A metafísica dos costumes"
Os senhores da igreja são como os outros. Gostam dos microfones e dos holofotes da comunicação social. No fundo, é para essa classe profissional que eles falam. Nós, comuns mortais, apreciadores dos prazeres desta vida (ainda ninguém nos mostrou que haja outra) limitamo-nos a rir, com olhar penoso, das "doutrinas" do clero.
Depois, há sempre ou tra classe profissional que se cola. São os cartoonistas, sempre à procura de uma boa sátira e de um bode expiatório adequado.
Parabéns pela actualização e qualidade do Dolo.
Um abraço.