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Confesso que me transcende a razão pela qual o PCP não votou favoravelmente o sistema de quotas no parlamento.
É compreensível que não se veja esta medida com bons olhos até porque é questionável a qualidade do actual pessoal político e por isso podem colocar-se reservas sobre aquelas que passarem a ir para o parlamento sem para isso estarem particularmente motivadas. Mas entendamos o seguinte: as mulheres tem muitas vezes o dobro do trabalho dos homens porque também trabalham fora e muitas vezes têm o trabalho acrescido da casa e dos filhos. Muitas mulheres para vingar nas suas vidas profissionais, assim como dentro dos partidos, têm de esforçar-se muito mais do que a generalidade dos homens para poderem ter o mesmo nível de credibilidade e atenção.
Por si só a existência de quotas não resolve o problema nem garante a qualidade das participantes. E a medida será contraproducente se por exemplo se passar a convidar as esposas dos políticos para ocuparem cargos politicos. No entanto, e tendo em conta que apenas estamos a falar da obrigação de 33% das listas preenchidas por mulheres, certamente proporcionará a algumas cidadãs de grande valor a oportunidade que não tiveram até aqui.
O mesmo se aplica no parlamento assim como em todas as restantes eleições até porque é fundamental integrar no processo político a actual maioria de portugueses que já são as mulheres.
É de reconhecer que no PCP nunca foi necessário haver quotas para surgirem fortes mulheres a lutar pelo que acreditam. Mas mesmo tratando-se de uma medida que surge do PS onde a experiência ainda não é a ideal, não será difícil o PCP reconhecer que noutros partidos e de uma forma geral na sociedade as mulheres têm dificuldades em impor-se e que desta forma podem ter uma oportunidade de expressarem os direitos que o PCP não ajudou a conquistar. Dentro desta temática, comemoram-se hoje direitos particularmente importantes para as mulheres Kuwaitianas que pela primeira vez vão poder votar. Estas mulheres estão ainda longe do sistema de quotas, mas provavelmente aprovariam esse tipo de solução.
filipe guerra said ... (abril 04, 2006 4:49 da tarde) :
"podem ter uma oportunidade de expressarem os direitos que o PCP não ajudou a conquistar". O quê secalhar foram os outros que ajudaram. Por muito que lhe custe admitir, a verdade é que o PCP ainda antes de você ter nascido ou mesmo antes do 25 de Abril já muitas lutas tinha travado pelos direitos das mulheres. Bastará dizer que a tese de douturamento de Alvaro Cunhal nos anos 40 foi precisamente sobre o direito á IVG. Muitas outras lutas foram sendo feitas ao longo do séc.20 pelo PCP junto das mulhers quer operárias quer intelectuais. Que você não goste do PCP tudo bem, agora inventar História é que não.
José, quiseste mesmo dizer "podem ter uma oportunidade de expressarem os direitos que o PCP não ajudou a conquistar", ou a palavra "não" terá sido um lapso?
José Raposo said ... (abril 04, 2006 8:44 da tarde) :
Não Pedro, não me enganei.
Filpe, não tenho qualquer problema em reconhecer o fundamental papel do PCP nas conquistas das mulheres portuguesas desde sempre, como muito bem diz.
Não pretendo reinventar qualquer História independentemente da minha data de nascimento e a tese de Àlvaro Cunhal sobre a interrupção voluntária da gravidez de que fala é uma excelente forma de comparar se existe coerência entre as duas matérias na aprovação desta lei.
Não me move, antes pelo contrário, qualquer interesse contra o PCP, mas as mulheres comunistas não vivem numa bolha.
Vai perdoar-me mas eu considero esta lei como mais um direito de representação das mulheres e tenho em crer que o Filipe não concorda com a minha opinião.
Vai perdoar-me mas de acordo com a lógica que eu acho que está aqui inerente de mais direitos para as mulheres, o PCP não ajudou a conquistar este direito em concreto.
Ok, José, referias-te a este direito em concreto e não no geral. Má interpretação minha.
Anónimo said ... (abril 05, 2006 10:17 da manhã) :
Este é um dos tais temas IMPORTANTES onde o debate de ideias forma a opinião das pessoas. Inicialmente também era da opinião que as quotas eram "um desrespeito para as mulheres"...que elas próprias iriam depois sentir-se " a tipa que está lá por causa da quota"...no entanto, mudei de opinião. Tal como diz o Zé (e só quem não vive o dia-a-dia familiar é que não concordará com ele) a mulher tem um papel na sociedade que a IMPEDE FISICAMENTE de participar activamente sob as mais diversas formas na vida cívica/política/associativa actual. Por isso e pelo "machismo" que ainda prevalece....apesar da força do incremento cultural e intelectual das mulheres se ir impondo....as quotas a 33% são uma boa medida...moralizadora, enfim NECESSÁRIA. Também me custa a perceber a posição do PCP...o Partido que normalmente luta por causas....nesta acha que não é necessário porque ele próprio já as cumpre...ou porque é um "insulto"!!! Mais uma vez, o PCP prova que, normalmente, não está "enquadrado" no presente!...ou vive nos anos 40...ou sustensa-se na sua própria realidade e não naquela que a rodeia, ou seja, a REAL!
(Filipe Guerra, se quiser também podemos discutir a IVG!)
filipe guerra said ... (abril 05, 2006 1:18 da tarde) :
de facto não concordo com as quotas, compreendo quem com boas intenções as defende. por tal respeito a opinião de José raposo. Quanto ao restante parece estarmos entendidos. Esperemos todos,apenas que de facto as mulheres portuguesas(e não só), tenham mais presença e direitos, na A.R. ou nos seus locais de trabalho. cordiais continuações...
Comments on "Paridades"
"podem ter uma oportunidade de expressarem os direitos que o PCP não ajudou a conquistar".
O quê secalhar foram os outros que ajudaram. Por muito que lhe custe admitir, a verdade é que o PCP ainda antes de você ter nascido ou mesmo antes do 25 de Abril já muitas lutas tinha travado pelos direitos das mulheres. Bastará dizer que a tese de douturamento de Alvaro Cunhal nos anos 40 foi precisamente sobre o direito á IVG. Muitas outras lutas foram sendo feitas ao longo do séc.20 pelo PCP junto das mulhers quer operárias quer intelectuais.
Que você não goste do PCP tudo bem, agora inventar História é que não.
José, quiseste mesmo dizer "podem ter uma oportunidade de expressarem os direitos que o PCP não ajudou a conquistar", ou a palavra "não" terá sido um lapso?
Não Pedro, não me enganei.
Filpe, não tenho qualquer problema em reconhecer o fundamental papel do PCP nas conquistas das mulheres portuguesas desde sempre, como muito bem diz.
Não pretendo reinventar qualquer História independentemente da minha data de nascimento e a tese de Àlvaro Cunhal sobre a interrupção voluntária da gravidez de que fala é uma excelente forma de comparar se existe coerência entre as duas matérias na aprovação desta lei.
Não me move, antes pelo contrário, qualquer interesse contra o PCP, mas as mulheres comunistas não vivem numa bolha.
Vai perdoar-me mas eu considero esta lei como mais um direito de representação das mulheres e tenho em crer que o Filipe não concorda com a minha opinião.
Vai perdoar-me mas de acordo com a lógica que eu acho que está aqui inerente de mais direitos para as mulheres, o PCP não ajudou a conquistar este direito em concreto.
Ok, José, referias-te a este direito em concreto e não no geral. Má interpretação minha.
Este é um dos tais temas IMPORTANTES onde o debate de ideias forma a opinião das pessoas.
Inicialmente também era da opinião que as quotas eram "um desrespeito para as mulheres"...que elas próprias iriam depois sentir-se " a tipa que está lá por causa da quota"...no entanto, mudei de opinião.
Tal como diz o Zé (e só quem não vive o dia-a-dia familiar é que não concordará com ele) a mulher tem um papel na sociedade que a IMPEDE FISICAMENTE de participar activamente sob as mais diversas formas na vida cívica/política/associativa actual.
Por isso e pelo "machismo" que ainda prevalece....apesar da força do incremento cultural e intelectual das mulheres se ir impondo....as quotas a 33% são uma boa medida...moralizadora, enfim NECESSÁRIA.
Também me custa a perceber a posição do PCP...o Partido que normalmente luta por causas....nesta acha que não é necessário porque ele próprio já as cumpre...ou porque é um "insulto"!!!
Mais uma vez, o PCP prova que, normalmente, não está "enquadrado" no presente!...ou vive nos anos 40...ou sustensa-se na sua própria realidade e não naquela que a rodeia, ou seja, a REAL!
(Filipe Guerra, se quiser também podemos discutir a IVG!)
de facto não concordo com as quotas, compreendo quem com boas intenções as defende. por tal respeito a opinião de José raposo.
Quanto ao restante parece estarmos entendidos.
Esperemos todos,apenas que de facto as mulheres portuguesas(e não só), tenham mais presença e direitos, na A.R. ou nos seus locais de trabalho.
cordiais continuações...