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terça-feira, junho 13, 2006

Leituras eventuais


«(...) O homem é, de todos os seres vivos, o mais apto a consumir intensamente, luxuosamente, o excedente de energia que a pressão da vida propõe, em incêndios convenientes (...)».

«Esta verdade é paradoxal, ao ponto de se mostrar exactamente oposta à que commumente aparece.
Este carácter paradoxal é sublinhado pelo facto de, no ponto culminante da exuberância, o seu sentido ser por ela velado de todas as maneiras. Nas condições actuais, tudo concorre para obnubilar o movimento fundamental que tende a devolver a riqueza à sua função, ao dom,ao esbanjamento sem contrapartida. Por um lado, a guerra mecanizada, procedendo às suas desvastações, caracteriza este movimento como estranho, e hostil, à vontade humana. Por outro lado, a elevação do nível de vida não é apresentada de maneira alguma como uma exigência de luxo. O movimento que reivindica é até mesmo um protesto contra o luxo das grandes fortunas: assim, trata-se de uma reivindicação feita em nome da justiça. Sem nada termos evidentemente contra a justiça, deve ser-nos permitido fazer notar que aqui essa palavra dissimula a profunda verdade do seu contrário, que é exactamente a liberdade. Sob a máscara da justiça, é verdade que a liberdade geral se reveste da aparência baça e neutra da existência submetida às necessidades e é antes uma redução dos seus limites ao mais justo, não o desencadeamento perigoso, cujo sentido a palavra perdeu. É uma garantia contra o risco de servidão, não uma vontade de assumir os riscos, sem os quais não há liberdade.
Há o sentimento de uma maldição ligado a esta dupla alteração do movimento que a consumação da riqueza exige de nós. Recusa da guerra sob a forma monstruosa que a guerra reveste, recusa da delapidação luxuosa, cuja forma tradicional significa doravante a injustiça. No momento em que o suplemento das riquezas é maior do que nunca, acaba por tomar aos nossos olhos o sentido que de certa maneira teve sempre, de parte maldita».
Georges Bataille, A Parte Maldita

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