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sábado, julho 15, 2006

Élio Maia e a Arte Nova

Comments on "Élio Maia e a Arte Nova"

 

Blogger Carlos Guimarães Pinto said ... (julho 15, 2006 9:01 da manhã) : 

Ao que sei essa casa com traços de arte nova no séc XIX quando foi construída, demolindo uma caverna do paleolítico convenientemente preservada, foi também graças a um mandato cds/psd. De acordo com este tipo de visões, o país seria composto apenas pelas tais cavernas do paleolítico convenientemente remodeladas para a vivência moderna.

 

Anonymous Anónimo said ... (julho 15, 2006 10:49 da manhã) : 

É por essas e por outras que Aveiro, tal como a maioria das cidades portuguesas se encontram descaracterizadas. Actualmente a "moda autárquica" é cuidar dos centros históricos, para deixar caminho livre à construção civil, com toda a espécie de aberrações lucrativas. Os centros históricos tornaram-se ilhas.
Noutros casos, dado que as obras de recuperação são caras, algumas autarquias descobriram a galinha dos ovos de ouro autorizando a transformação de certos edifícios históricos em condomínios fechados. E assim cá vamos boçalizando o país.
Saudações ultraperiféricas.

 

Blogger David Afonso said ... (julho 15, 2006 1:37 da tarde) : 

Karloos,
Esse tipo de argumentação não cola. Pode ter a sua piada, mas é falaciosa. Não estamos a falar de cavernas, mas de um edifício com valor patrimonial acrescido (até por se encontrar na proximidade do importante núcleo de Arte Nova de Aveiro, ou melhor, o que resta dele). Não conhecendo em concreto o edifício em questão, devo dizer que, de um modo geral, os edifícios construidos em finais do sec. XIX e até à aos 30 do sec. XX têm, em regra, um excelente comportamento térmico e acústico tendo-se, entretanto, perdido essa sabedoria à custa do ar condicionado e outros apetrechos que só servem para disfarçar a batota que se faz em projecto e em obra. Cavernas são muitos desses modernaços construidos sem criterio e sem ciencia. Acredite que há muito mais saber incorporado nesse edifício do que em qq apartamento-tipo actual. Depois há outras questões laterais, mas na mesma interessantes, por exemplo: então o proprietário deixa que o seu património se vá degradando dessa maneira, até se tornar num perigo para a população, e ainda tem a lata de usar essa degradação (da qual ele é unico responsável) como alibi? E por falar em construção: já existem 2 casas por português. Não chega?

PS: NO caso de Aveiro é um facto: o CDS foi e, pelos vistos, continua a ser o grande responsável pela destruição de muitos exemplares estilo Arte Nova. Se me conseguir provar o contrário, terei todo o gosto em mudar de opinião. Até lá...

 

Blogger AM said ... (julho 15, 2006 3:28 da tarde) : 

Caro David Afonso
permita-me que ocupe este espaço para o convidar a visitar esta minha posta, http://odesproposito.blogspot.com/2006/05/iapxx-aveiro.html
onde falo do património de Aveiro (e obrigado pelo Link na coluna da direita, com que muito me honram)

 

Blogger JMO said ... (julho 15, 2006 10:09 da tarde) : 

Caro David,

Como continua a ter um caso mal resolvido com o CDS, a quem acusa dos piores problemas que aconteceram em Aveiro, irei enviar-lhe duas fotografias, amanhã, da casa que FALA sem conhecer minimamente. Nunca passou por lá, pois?
De Arte Nova, nada tinha - talvez os azulejos que foram sendo roubados... Não fazia parte do primeiro inventário de casas arte nova (feito na altura em que o cds era poder, curiosamente) e já era um escombro, não uma casa. Mas depois de ver as fotos, julgue por si.

Um abraço
Joao Oliveira

 

Blogger David Afonso said ... (julho 16, 2006 2:24 da tarde) : 

Caro António,

Por acaso já tinha dado uma vista de olhos no IAPXX e fiquei com a impressão que o levantamento feito pelos lados de Aveiro foi muito superficial, atascando-se apenas no óbvio. Quanto ao edifício que refere no seu post, devo dizer que ainda não o tinha visto assim, de "cara lavada" (não vou com tempo a aveiro já faz algum tempo...) e, para mim, foi uma revelação... a diferença que faz entre ter o património ao abandono e de o ter cuidado...

 

Blogger David Afonso said ... (julho 16, 2006 3:43 da tarde) : 

Caro João,

É bom o ter por cá. Como bom e atento profissional que é, este post não lhe poderia escapar. Para já só queria esclarecer 3 coisas: 1) Isto não é uma questão pessoal; 2) Isto não é uma questão partidária; 3) Não acuso o CDS das piores coisas que acontecem em Aveiro. Não é uma questão pessoal porque, como já tive oportunidade de aqui esclarecer, tenho a maior consideração e simpatia pessoal pelo Élio. Não é uma questão partidária porque não sou militante ou simpatizante de qualquer partido, mas, para o ajudar a arrumar os apontamentos pode tomar nota aí «Esquerda». É vago, mas é o que se pode arranjar. Não acuso o CDS de todos os males porque o que aqui está em causa é apenas o misterioso caso da liquidação da Arte Nova em Aveiro (por acaso, até existem outros pontos sobre a gestão do CDS que gostaria de discutir, mas vamos ser disciplinados). Sobre este assunto não vou adiantar mais nada porque vou aguardar pelas fotos que nos prometeu (já agora: seria util se nos autorizasse a publica-las aqui no dolo para podermos abrir o debate a todos).

PS: Ó João, tenha lá a santa paciência mas se estamos a discutir Aveiro temos de discutir o CDS. Recordo que foi este partido que geriu os destinos da cidade desde 76 até 97 ao passo que o PS apenas lá esteve 8 anos entre 97 e 2005. A não ser que prefira acreditar que tudo de mau que havia para acontecer, aconteceu nesse periodo de 8 anos e não no de 21 anos (sem contar com o actual executivo) de CDS.

 

Blogger JMO said ... (julho 16, 2006 5:22 da tarde) : 

Claro que concordo consigo, David: O CDS teve as redeas do poder em Aveiro durante cerca de 20 anos. E como me conhece, em termos de escrita, reconheci sempre as muitas obras e desenvolvimento que Alberto SOuto trouxe a esta terra. Bem como algumas das desgraças das várias equipas de Girão Pereira. A única coisa que pessoalmente não gosto - e tento não fazer - é fazer a destruição de um passado à luz dos conceitos actuais. Lembra-se daquela tentativa completamente idiota de uns americanos que queriam tirar o Nobel ao nosso estarrejense Egas Moniz por caua dos novos conhecimentos actuais?

É isso que não gosto.

Cumprimentos
Joao Oliveira

 

Blogger David Afonso said ... (julho 16, 2006 10:58 da tarde) : 

«A única coisa que pessoalmente não gosto - e tento não fazer - é fazer a destruição de um passado à luz dos conceitos actuais».

Esta afirmação quer dizer o quê ao certo?

- Que à época se não se dava tanta importância ao património? (mas desde dos anos 30 até aos anos 80 sucessivas convenções, das quais Portugal foi signatário, procuraram definir e proteger o património: Carta de Atenas, Carta de Veneza, Carta de Turismo Cultural (em 76!), Carta de Burra e etc... Sabe, não havia mesmo maneira de não saber);

- Que à época a Arte Nova não era tida como património digno de ser preservado? (é estranho porque entre nós, é justamente nos anos 70 e 80 que se publica a maior parte da bibliografia científica e de divulgação sobre o tema... mais uma vez, não havia como não saber);

É verdade que os conceitos evoluiram muito, mas no essencial o que se sabe e defende hoje, não é muito diferente do que se sabia e defendia nos anos 70 e 80. Não estamos perante conceitos novos, mas perante um atraso cultural!

PS: o inventário a que alude é o que foi publicado pela Câmara em 99? É que se não é, então gostaria de o conhecer. Se me pudesse dar mais alguns pormenores agradecia. Muito.

Abraço.

 

Blogger Carlos Guimarães Pinto said ... (julho 17, 2006 9:58 da manhã) : 

David, obviamente cada caso é um caso e eu não coheço este especificamente. O que é certo é que o argumento da preservação de património histórico serve, em muitos casos, para travar o progresso na construção. Lisboa e Porto são os casos mais paradigmáticos. Passei a última semana à procura de casa em Lisboa e posso-te dizer que no centro é completamente impossível encontrar uma casa que tenha menos de 50 anos. Ou é de um estilo artístico conceituado, ou era onde o jardineiro do tio do fernando Pessoa tomava a bica, enfim... Há todos os motivos e mais algum para impedir que se substituam casas antigas por construções modernas. O mesmo se passa na ribeira do Porto. A estatísticas dizem-me pouco: de que vale haver duas casas por português se eu não consigo encontrar nenhuma para mim? Penso que um mercado imobiliário mais competitivo traria muito mais utilidade ao público do que a preservação de algumas obras de arte.
Coomo disse, conheço o caso específico mas se formos reclamar por cada edifício de arte nova que seja destruído em Aveiro, e são tantos, a cidade não avançará.

P.S.: Num país democrático, supostamente livre, faz-me impressão que um proprietário tenha que argumentar o que quer que seja para dispôr da sua propriedade legalmente adquirida.

 

Blogger David Afonso said ... (julho 17, 2006 11:21 da manhã) : 

Karloos, Karloos...

«Progresso na construção»?! O ciclo do cimento já devia ter acabado. O país só teria a ganhar se se dedicasse a outras coisas. Somos o país da UE que possui mais habitações/habitante, em que existem mais pessoas com habitação própria e 2ª casa e em que há o maior endividamento para aquisição de casa. Já ultrapassámos o limite.
Quando às casas velhas/casas novas: fez mal em não ficar com uma dessas casas com mais de 50 anos pq provavelmente ficaria melhor servido do que com uma construida nos anos 70, 80 e 90. Acredite.
No Porto há uma grande procura pelas casas velhas, gente disposta a pagar para ter o privilégio de aí viver. O problema está na especulação imobiliária (que vai dos pequenos proprietários, à banca, às imobiliárias, passando pela própria autarquia) que exige preços irreais, acabando por estagnar o mercado (exemplo: um edifício devoluto na baixa com apenas 100 metros de area util, o proprietário pede quse 40 mil contos!).
Mas para avançar a cidade precisa de demolir o seu património? O Karloos já está contaminado com a gripe das aves em versão de pato-bravo? Tenha juízo!

PS: Os liberais digitais fazem-me lembrar os velhos marxistas: repetem sempre a mesma fórmula, sempre o mesmo mantra. Já nem se dão ao trabalho de pensar nas coisas. Meu amigo, argumentar é a essência da democracia!

 

Anonymous Anónimo said ... (julho 18, 2006 8:24 da tarde) : 

Não é preciso tanta dissertação sobre o assunto. Aveiro é apenas Aveiro, convenhamos, porque pelo país fora existem felizmente inúmeros casos em que houve lugar a novas edificações mantendo, recuperando e enquadrando no novo espaço o património arquitectónico aí edificado. Isto claro fora de Aveiro, em cidades com populações que constantemente escrutinam os actos dos executivos autárquicos.

 

Blogger Ant.º das Neves Castanho said ... (julho 19, 2006 5:35 da tarde) : 

Karloos não tem razão: na esmagadora maioria das Cidades europeias, algumas até apesar de quase devastadas pela IIª Guerra, não se verifica o nível de destruição do património edificado que se constata recentemente em Portugal, sobretudo após o advento do Poder Local democrático.

O que se passa é que os edifícios são devidamente preservados e conservados (e, com eles, o desenho urbano que lhes é complementar), mantendo-os em condições perfeitamente habitáveis e comercialmente competitivos, ao passo que as áreas de construção nova são criteriosamente seleccionadas e constituem, elas próprias, novos conjuntos de valor patrimonial, sem para isso terem de destruir a imagem tradicional das Cidades.

Em Portugal, por força de muitos motivos que infelizmente se têm conjugado para esse triste efeito, a começar talvez pela tragédia do congelamento das rendas em Lisboa e Porto, passando pela incúria, ignorância ou má-fé das "autoridades" municipais e ainda agravado pela perversa dinâmica demográfica que tanto afecta a relação interior-litoral no nosso País, o que se passa é a situação descrita por David Afonso e que se pode constatar de Norte a Sul, ao longo da faixa litoral e incluindo as maiores e mais emblemáticas Cidades portuguesas: destruição do Património edificado para "rentabilização" de espaços nos locais mais apetecíveis dos centros urbanos.

A par de uma extensiva desqualificação dos arredores suburbanos, preenchidos com urbanismo e edificações de muito deficiente qualidade, apesar dos preços especulativos.

E já agora, amigo Karloos, não devia ser tão crítico para com os edifícios antigos: pode ter a certeza de que, com 50 anos ou mais (se lá chegarem), hão-de estar muito pior do que os que agora acha envelhecidos... Mesmo o que são vendidos como "luxuosos" e pagos a peso de "diamamtes"...

Ninguém se iluda: esta desgraçada situação só mudará quando se discutirem estas questões a sério nas campanhas eleitorais autárquicas!...

 

Blogger Ant.º das Neves Castanho said ... (julho 19, 2006 5:41 da tarde) : 

Completo o último parágrafo:

« (...) pode ter a certeza de que OS NOVOS, quando tiverem 50 anos ou mais (se lá chegarem)»

 

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