O país possível
Finalmente um ponto final na profunda injustiça de que Manuel Alegre tem sido vítima ao longo dos últimos anos. Após árduo e suado esforço diário trabalhando durante três longos meses consecutivos na vetusta Rádio Difusão Portuguesa, chegou a sua parca reforma, relativa a tão extenuante labor, no valor de €3.219,95. Uma vez que é deputado, por ora só irá receber 1/3 desse montante. Mas a verdade é que Manuel Alegre já há muito - desde os 35 anos - deveria auferir, por direito, esta magra reforma, que certamente será bem vinda, com atraso porém, no seu agregado familiar. Não bastou já a intervenção gritantemente injusta do Estado Social neste caso (três meses de RDP são ostensivamente desproporcionais a €3.219,95; Manuel Alegre deveria receber muito mais porque, num Estado Social, a justiça na redistribuição da riqueza deve ser um imperativo), teve ainda a reforma de chegar com décadas de atraso. É este o país em que vivemos... |
Comments on "O país possível"
Ó Pedro, mas MA age na maior das legalidades... posto isto, a lei é que deveria mudar... penso que como MA, devem existir outros [ex-]contribuintes com reformas "elevadas" [em termos comparativos com o salário médio de um qualquer contribuinte português], pagas pelo esforço adicional dos actuais contribuintes...
Eu sei, Alaíde. Estou a criticar precisamente a lei, e não Manuel Alegre. Não sou, por via de princípio, contra reformas elevadas. A responsabilidade dos cargos deve também espelhar-se nas reformas. Mas por apenas três meses de trabalho parece-me um abuso, daí o post.
Eh malta!Vcs fazem uma pequena ideia de quanto custa um cartucho? E uma Beretta de alta precisão para a caça? O homem tem necessidades que nós provávelmente não temos! Além do mais ainda falta o prémio de assiduidade na Assembleia da República, que seria bem merecido! É um dos símbolos da nossa democracia carago!
Até estou envergonhado de ter criticado o anterior ministro das finanças.
Nós somos assim.
De manhã crucifica-se um homem, entre centenas como ele ou muito PIORES, por tirar partido legítimo (ainda que profundamente imoral) de uma disposição LEGAL - Nível de reacção 1 (Figadal).
À tarde percebe-se que isso é patético (à excepção de eventuais julgamentos políticos de índole pessoal, respeitáveis mas de interesse menos que acessório) e apontam-se baterias para criticar... a Lei - Nível de reacção 2 (Boçal).
Mas fazer a pergunta de nível 3 (Inteligente): quem fez essa tal "lei" e quando e por ordens de quem, aí já ninguém chega...
É assim Portugal e por isso não merece mais do que o que tem.
Talvez nem valha a pena vir falar do Nível 4 (Evolucionista): como prevenir, impedir e até castigar a concretização dos actos legislativos que dão origem a semelhantes aberrações...
Por minha parte, A. Castanho, nunca critiquei Manuel Alegre. Pelo contrário, nutro por ele uma grande admiração, tendo inclusivamente votado nele nas últimas presidenciais.
Este post foi pertinente na altura em que foi postado - altura em que os meios de comunicação social noticiavam [e aqui está o alvo da crítica] uma reforma de 3 mil e tal euros por 3 meses de trabalho. Seria um escândalo num Estado-Social. Não correspondendo este post à verdade, obviamente que deixou de o ser (pertinente), tornando-se obsoleto. E uma vez que não tenho por hábito apagar posts, a não ser em circunstâncias excepcionais, este também não o será.