Vouyerismo fiscal
É assim que se faz num país de parcos recursos, onde ainda por cima quase toda a gente se comporta como se continuasse a viver numa aldeia e quer à viva força saber da vida dos outros. Num país de parcos recursos o ministro das finanças assume o papel de Robin dos Bosques e revela (com recurso à tecnologia) as maldades, a corrupção e os vícios privados de cada um desses Príncipes João e Xerifes de Nothigham que abundam pelo país. Convenhamos que para o comum dos mortais que não consegue (porque se conseguisse...) fugir aos impostos, é escandaloso que apenas 290 contribuintes particulares e colectivos, possuam a estrondosa divida de 130 milhões de Euros. Sim, é quase tão escandaloso como a divida do Estado aos sub-sistemas de saúde, só para mencionar um dos aspectos em que o Estado é mau pagador. Nesta lista não constam nomes sonantes dos grandes grupos financeiros e talvez por isso a comunicação social se prepare para perante a crucificação pública destes 290 contribuintes, os fazer ascender a mártires do sistema. O que realmente me entristece é que o "meu" Estado se demitiu de fazer aquilo que lhe competia e passou a permitir que amanhã na paragem do autocarro e nas estações de comboio os portugueses continuem a alimentar o seu vouyerismo para com os demais e nunca para com o seu próprio umbigo. |
Publicado por José Raposo às 21:11
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