Cessar-fogo
Dentro de algumas horas, e aparentemente por decreto, vai dar-se um cessar-fogo no conflito que se tem arrastado no médio-oriente no último mês. Muitas dúvidas sobre o futuro, muitas certezas sobre o presente e a expectativa de saber até que ponto o governo israelita vai querer ficar bem com a comunidade internacional, fazendo passar a ideia que cumpre as resoluções do conselho de segurança. Dúvidas sobre o futuro de um cessar-fogo que garante a possibilidade de uma das partes ocupar uma parte do território de um pais vizinho e dúvidas quanto ao interesse no cessar-fogo de um grupo que não foi convidado a participar em qualquer negociação de paz e cuja capacidade não parece ter sido particularmente debelada no ultimo mês. Certezas quanto à violência que durante um mês assolou uma já conturbada região do mundo e que proporcionou à maioria da comunicação social as mais violentas imagens da morte dos últimos anos. Certezas quanto ao aproveitamento sensacionalista de ambos os lados da barricada e certeza quanto à hipócrita comentarite dos suspeitos do costume. Para os americanos primários os três mil e tal katiuskas que caíram em Israel são incomparavelmente mais importantes (mesmo que quase metade tenha caído no campo) dos que os milhares de munições lançados por Israel em cada dia do conflito. Perdem-se sempre na elaboração de intricadas teorias de conspiração em que afirmam que os corpos das crianças são massacres encenados da propaganda árabe, que as colocou lá depois dos bombardeamentos, ou procuram encontrar explicações secretas no facto de um determinado sujeito alegadamente pertencente a uma qualquer unidade de socorro, aparecer meia dúzia de vezes em fotografias em dois ou três locais diferentes. Para os anti-americanos primários, para quem o estado de Israel é um estado pária e falhado, na medida em que não consegue relacionar-se nem respeitar os países vizinhos que têm direito ao seu espaço. E que impõe sobre os palestinianos um reinado de terror e violência através do exército. Um estado fascista, aliás como consideram todos os estados. Eu porém alimento a certeza que não há inocentes e culpados no médio-oriente, ou que pelo menos os inocentes não se chamam Governo de Israel, Hezbollah ou Hamas, e se o resto do mundo por razões mesquinhas e de circunstância continuar a apoiar uns e outros, isto será questão interminável que continuará a fazer títulos dos jornais por muito e bons anos. |
Publicado por José Raposo às 22:39
Comments on "Cessar-fogo"
Quem criou este embrulho agora que o desembrulhe!
Isto é, quem realmente criou todo este problema foram as forças vitoriosas no pós II. grande guerra quando resolveram por complexo de culpa e para finalmente se verem livres dos judeus nos seus países, dar uma " pátria " a este povo (a terra prometida), mas é lógico que o fizeram fora do solo "sagrado" da velha Europa, empurrando toda esta gente (muitos deles sem nada por tudo terem perdido na guerra) para o espaço que hoje se chama Israel, por via da força e borrifando-se em quem já lá estava!
Mesmo a própria subsistência de Israel ao longo dos tempos só tem sido possível devido ao alto patrocínio financeiro e militar dos EUA (ao qual não é alheio o grande poder que é detido a nível político/financeiro dentro dos próprios EUA por parte de algumas famílias).
A meu ver a solução de todo este embrulho não passará obviamente por riscar Israel do mapa, mas por ajudar os povos que a rodeiam, financeira e tecnologicamente na mesma proporção que Israel tem sido ajudado, pelo ocidente desde o inicio da sua existência.
Estou em crer que assim que esses povos tenham uma qualidade de vida equivalente a que o povo judeu tem em Israel, os fundamentalistas que hoje contam com um grande apoio por parte das população árabes mais desfavorecidas perderão grande parte do seu apoio, pois é nas carências mais básicas destas gentes que estes se apoiam para continuar este clima de terror que parece não ter fim.
A resolução da ONU é em tudo idêntica a uma outra de há uns anos atrás (O exército do Libano ocupa o sul e desarma o Hezzbolah). Se essa não foi implementada como +e que esta o vai ser?
Luis, provavelmente tudo ficará na mesma nos proximos meses e depois os combates regressam.
H.Horta qa questão que coloca é a central neste conflito. A questão social é aqui tão importante quanto a politica, até porque Hamas e Hezbollah são projectos sociais para além de politico militares