Ciência política
Sou um completo ignorante e tenho vivido enganado. Nunca tinha percebido que os homens e mulheres deste país que nós elegemos para os mais diversos cargos eram afinal uma coutada particular dos directórios partidários. Já todos sabíamos que pelo menos 80% dos deputados à Assembleia da República, ninguém pode afirmar com segurança que os conhece. Já sabíamos que a qualquer momento se podiam auto-suspender, trocar, substituir, de acordo com as vantagens pessoais que daí retiram ou de acordo com a vontade das direcções partidárias ou parlamentares. Ainda não sabia é que isso poderia acontecer nas autarquias sem que um motivo de força maior obrigasse à substituição do autarca eleito para comandar os destinos do concelho. Afinal eu pensava que as direcções partidárias eram quase sempre reféns da espontaneidade dos autarcas perante os holofotes da televisão, mas afinal as direcções partidárias escrutinam os autarcas e decidem se eles podem ou não continuar a cumprir os mandatos para os quais foram eleitos. É como se o poder não emanasse do povo, mas antes fosse hipotecado às direcções partidárias. E depois como é no PCP tudo parece absolutamente normal e estalinista o suficiente para que ninguém questione. Como se este tipo de situação fosse a regra. É realmente muito interessante, uma verdadeira lição de ciência política. |
Comments on "Ciência política"
As suas lições de ciencia politica é que são fabulosas...
Confundir desejos com realidades, trocar opinião própria por opinião publicada, desconhecer prfundamente alguns dos principios e o funcionamento do poder local e a sua forma.
Faço votos, para que, as portas do sucesso se lhe abram na sua carreira de PêCêPêtólogo.
Com linhas destas, Caro José Raposo, concerteza um qualquer grupo económico (tipo a impresa)daria por bem uteis os seus pensamentos.
:) Marcação cerrada desde o post da lei da paridade...
Eu aproveitei o post para fazer o meu acto de contrição quanto à minha ignorância, mas o seu comentário não me deixa muitas pistas sobre a sua opinião, embora me deixe várias sobre mim…
A Impresa e a carreira de PêCêPêtólogo não me apelam particularmente até porque acho que o lugar de PêCêPêtólogo já está ocupado no Abrupto.
De qualquer forma aquilo que eu pretendia aqui dizer, de forma mais ou menos irónica (como sabe a ironia nem sempre funciona) é que me parece estranho que um partido decida que um seu elemento eleito, possa ser gentilmente convidado a sair porque a avaliação do seu partido não é a mais positiva.
E isto para mim é tão estranho no PCP como em qualquer outro partido. Apesar de no PCP parecer que é o mais normal e banal dos acontecimentos.
Quando diz que desconheço profundamente o funcionamento do poder local (é capaz de não estar longe da verdade, como aliás eu confesso) mas deve estar a referir-se à composição da câmara que na realidade é um órgão colegial onde se fazem representar os diversos partidos que elegeram vereadores e daí que este tipo de soluções seja possível e até frequente. É isso? Se for isso eu mantenho a minha opinião de que está errado um partido (seja ele qual for, neste caso o PCP) substituir um Presidente de Câmara e um vereador a meio do mandato.
Os Setubalenses elegeram a vereação que muito bem entenderam, que por acaso era da CDU, e devem ter a oportunidade de após o final do mandato julgar essa mesma vereação.
Volte sempre :)
José Raposo:
Não faço marcação cerrada a ningém, apenas ao blog "dolo eventual", que, é muito do meu agrado. Penso, também, que esta será apenas, a segunda vez que comento um post seu.
Digo-lhe mais, acompanho os traços essenciais do pensamento manifestado por si na resposta que me deu.
Deixo-lhe duas notas mais, apenas.
É profundamente desagradável ser apelidado de estalinista, o que, é repetidamente e incessantemente dito por tantos e tantos "notáveis" de passado duvidoso, um deles, você explicita no seu comentário.
Tudo bem, a meu ver, claro está, na restante critica que faz á "situação" motivo do seu post. O que me parece errado, é meter todos no mesmo saco. É normal noutros partidos, a substituição de um eleito por outro por motivos de "tacho" ou similares (no só no poder local, como demonstra o passado recente). No PCP, pode-se vir a alterar um eleito, por motivos em nada semelhantes a esses. Esta é uma diferença, que, a meu ver, pode e deve ser assinalada.
Fique bem, com consideração...
filipe guerra