O bater de asas de uma borboleta
As pessoas têm que compreender que apesar da previsibilidade tecnológica em que as suas vidas se desenrolam, há acontecimentos que não podem ser previstos ou calculados, e nesse âmbito todas as ocorrências naturais vão continuar a acontecer, independentemente de a TVI querer imediatamente culpar alguém. Tem de haver um limite razoável da responsabilidade de terceiros sobre a responsabilidade daqueles que nunca são responsáveis. Há sempre alguém que se pode culpar, o Estado, a Câmara, os bombeiros, a protecção civil etc. Estamos sempre à espera que alguém se responsabilize por nós para não termos muito que pensar nesse assunto. Pensava que tinham bastado 48 anos. É de lamentar os trágicos acontecimentos que levaram à morte de duas pessoas, entre as quais um bebé, entre outros feridos. Mas temos de compreender que aquelas pessoas se encontravam numa floresta, onde é totalmente impossível haver qualquer organismo público ou privado que verifique árvore a árvore a possibilidade de um acontecimento deste tipo ser evitado. É como aquela teoria do bater de asas de uma borboleta. Não como na explicação ridícula da JAE no caso da ponte do IC19, mas sim porque estamos a falar de fenómenos naturais que não controlamos. E se porventura ainda houvesse ursos em Portugal? Por exemplo, existem veados e outros animais na serra de Sintra que podem atacar pessoas se se sentirem ameaçados. No norte ainda existem alguns lobos. Como seria se alguém fosse atacado por um tubarão na praia? Não tem que haver sempre uma responsabilidade objectiva de alguém nos acontecimentos naturais, só porque nos habituámos a não ter de lidar com eles. Se o tronco tivesse caído no meio da estrada onde existe uma responsabilidade objectiva de uma entidade para manter essa via limpa e transitável, se o socorro não tivesse sido proporcionado em tempo útil, aí sim, haveria responsabilidades a serem apuradas. Não quando simplesmente caem troncos de árvore, onde é suposto que caiam. O bater de asas de uma borboleta na indonésia poderia em teoria provocar um tufão no Japão, ou uma inundação em Portugal. Mas da forma como temos vindo a tratar o planeta, talvez comece a fazer sentido voltarmos a saber lidar de outra forma com a natureza como o provam anualmente os incêndios, as vagas de calor, os nevões ou a simples queda de árvores cada vez mais asfixiadas pela presença humana. |
Publicado por José Raposo às 18:13
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