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domingo, setembro 24, 2006

Frontex

Aqui há umas semanas era noticia que num só fim-de-semana as lhas Canárias foram invadidas por 1200 imigrantes ilegais, que encontraram nas pequenas e frágeis embarcações, uma alternativa ao arame farpado e aos tanques de Ceuta e Melilla.
Na semana que passou a noticia era, desde o início do ano terem sido resgatados nas mesmas águas 500 corpos de imigrantes ilegais que não tinham conseguido chegar às Canárias.
Por mais idiota que possa parecer a ideia dos espanhóis manterem enclaves em território marroquino, como por exemplo Perejil, que é uma pedra a 200 metros de Marrocos, esta não é uma questão de soberania mas sim uma questão económica.
A generalidade da classe politica europeia agradece o esforço espanhol de evitar as hordas de imigrantes ilegais no próprio território africano, para não ter de se preocupar particularmente com a resolução do problema no espaço natural da União, à excepção de uns episódios em Itália, Chipre e Malta.
Portugal também participa desse esforço. Muito embora as nossas costas estejam longe da capacidade dos barcos dos imigrantes, ajudamos a proteger a fortaleza Europa lá longe, ao abrigo do programa HERA2 da Agência europeia de gestão das fronteiras externas da União, o FRONTEX, que prevê uma protecção muito além das fronteiras europeias.
Uma corveta da marinha portuguesa esteve até esta semana a fiscalizar uma parte do Atlântico ao longo das costas dos países independentes, Cabo verde, Senegal e Mauritânia, de forma a dissuadir qualquer tentativa de imigração ilegal dos nacionais destes países.
A questão não é sabermos se é correcto fecharmos a porta aos imigrantes ilegais ou se vamos escancarar a porta para os deixar entrar.
A questão é saber como é que vamos resolver este problema, porque a Europa não pode continuar a considerar que ele se resolve mantendo navios de guerra e grande aparato militar nas suas fronteiras exteriores, sejam elas no sul de Espanha ou já dentro do território africano.
A questão está directamente relacionada com o papel que a Europa rica pode e deve desempenhar em África, facilitando condições de vida adequada, exigindo democratização dos regimes e o estabelecimento de verdadeiros direitos liberdades e garantias.
Se a Europa pretende proteger-se das supostas invasões, tem de saber que isso tem um preço. Resta saber se o pretende pagar em medidas tampão, totalmente avulso, ou se pretende pagar esse preço em projectos de desenvolvimento sérios, para que Àfrica se possa realmente desenvolver de forma sustentada.

Comments on "Frontex"

 

Blogger AM said ... (setembro 25, 2006 5:35 da tarde) : 

É o que se poderia chamar de um "Pugrama" prá-frentex

 

Anonymous Anónimo said ... (setembro 25, 2006 8:20 da tarde) : 

Este assunto é sem duvida em dos problemas mais urgentes que a Europa tem para resolver.
Se olharmos só exclusivamente para os interesses europeus, não será difícil concluir que sairá sempre muito mais barato para a Europa manter as suas fronteiras mediterrânicas bem patrulhadas pelas suas marinhas de guerra do que investir na qualidade de vida das populações africanas nos seus próprios países.
O problema é o que é que moralmente é correcto fazer, tendo em conta o passado de exploração "branca" por parte de muitos países europeus em relação a quase todo o continente africano e principalmente á maneira como as descolonizações foram feitas, não só não houve uma saída progressiva de quadros técnicos "brancos", que permitissem um enquadramento de pessoal especializado local de modo a não deixar as economias destes países pararem, mas também á maneira como as fronteiras destes países foram feitas, (a régua e esquadro) pelas potências europeias, não tendo sido levadas em conta as diferentes etnias e religiões o que hoje em dia é responsável por grande parte das guerras que ao longo das ultimas décadas têm contribuído para uma degradação da qualidade de vida de quase todo o continente africano.

 

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