Muito a aprender
Portugal lidera na prevalência de casos de HIV/Sida na Europa e independentemente dos números sabe-se que eles não representam a realidade. A ignorância e o conservadorismo das beatas de sacristia do costume, continuam a evitar que se encare este problema de frente, resumindo-se o combate à doença a campanhas mais ou menos estúpidas em que ninguém se revê, e no apoio (fraco, muito fraco) às vítimas. É incompreensível que o papel com maior impacto na prevenção e até no apoio esteja reservado a ONG’s como a Abraço e outras ligadas a grupos de defesa dos homossexuais. Associações como a Abraço, a ILGA ou O Ninho, falam a linguagem destinada aos "seus" públicos, fazem trabalho de rua e apoiam, ainda que só o possam fazer com subsídio do Estado e de outras iniciativas que organizam e promovem. A Comissão Nacional tem um papel relativamente discreto, muda de coordenador ao sabor dos ventos políticos, faz uns colóquios, não define planos de apoio concretos, apenas espera candidaturas de associações de carácter humanitário e cria umas campanhas incipientes com o Luís de Matos. O Brasil, já desde o tempo de Henrique Cardoso definiu um plano de combate à doença que limitasse de uma vez por todas o aumento do número de novas infecções e que permitisse o acesso a anti-retrovirais de forma mais barata à generalidade dos infectados, assumindo o ónus de copiar as patentes dos medicamentos caros do hemisfério norte e produzir genéricos. O Brasil, sem constrangimentos morais ou conservadores, aborda o assunto desde a mais tenra idade nas escolas do país, levando a ideia de uma pedagogia de prevenção a sítios que nós ainda nem nos lembrámos, como por exemplo a industria pornográfica, onde legislaram que seriam proibidos filmes em que os actores e actrizes não usassem preservativos. Apesar da polémica quem não se recorda de uma campanha publicitária dedicada ao "Bráulio"? Agora surge uma boa iniciativa de estreitamento de relações com a comunidade científica brasileira para a produção de anti-retrovirais genéricos para Portugal e para a Europa. Pode ser uma boa oportunidade de partilha de experiência científica, mas também seria útil que fosse uma boa partilha de experiências pedagógicas sobre a prevenção que por cá continua a deixar muito a desejar. |
Comments on "Muito a aprender"
Correia de Campos constata o óbvio como se pela 1ª vez se falasse nesta realidade: " A dimensão económica e social do problema é enorme".Esta é daquelas frases chapa 20 que ele pode sempre "enfiar" nos discursos...
Mas não deixam de ser verdade...
Mas David, ditas desta forma não querem dizer nada de especial mas ficam lindamente no discurso. Se ele tem essa noção então faça alguma coisa.