
Fico perplexo pelo entusiasmo acrítico da nossa comunicação social pelas benesses das grandes empresas ao comum do povinho.
Não se questiona nada nem parece haver necessidade de questionar. Os cérebros macilentos de alguns dos nossos jornalistas são apenas veículos de transmissão dos press-releases das grandes corporações.
Hoje acordei perante a estrondosa novidade de ter de deitar todo um livro de cheques fora a cada seis meses.
Aparentemente, numa inaudita medida para nos proteger (é quase sempre porque a malta não sabe tomar conta de si) os bancos já começaram a emitir livros de cheque com data de validade.
Havia os bifes, os cereais, o queijo, o leite, os enlatados e mais uma parafernália de produtos (senão a totalidade) com uma inscrição num qualquer sitio, que é tudo menos óbvio, a indicar a data aproximada da sua validade.
Agora os bancos vão passar a enviar-nos umas caixinhas com a informação: “Consumir antes da data impressa na embalagem”. E nós vamos a correr passar cheques antes que eles comecem a cheirar a ranço.
Ora alguém me consegue explicar de que forma eu estou mais protegido porque os meus cheques têm data de validade? Será que o ladrão ocasional vai esperar que os meus cheques estejam a dois dias do fim do prazo para me roubar? Depois, como é possível que tenha dificuldades em falsificar a minha assinatura, quando passar um cheque dos meus já é tarde demais? E então nos outros meses todos? Como é que a validade dos cheques me protege?
Pois é, protege-me muito pouco ou nada. Mas o que é certo é o valor a pagar de seis em seis meses por uma nova caderneta de cheques, mesmo que apenas tenha gasto um cheque da caderneta entretanto ficou fora de prazo.
Querem entalar-nos, ou melhor, como a imagem sugere enlatar-nos…
Comments on "O entalanço"
Completamente de acordo José.
Por este andar, daqui a mais uns tempos para alem da validade também virá impresso nos nossos cheques a
sua composição orgânica / nutritiva e um sempre útil "agitar antes de passar". :-)