A produtividade dos outros
Até que ponto é legítimo a administração da Opel da Azambuja invocar a ilegalidade das paralisações súbitas dos seus trabalhadores, na medida em que se propõe encerrar a fábrica que possui, em ilegal contradição dos contratos estabelecidos? Em Portugal é comum culpar-se os trabalhadores de todos os males que a má gestão inflige na saúde das empresas. Más decisões que muitas vezes passam por aumentos irreais de salários para agradar aos funcionários, mas também passam por estilos de vida principescos de administrações cheias de gente mal preparada e inculta. Quando a Opel quebrou as negociações com o Governo português sobre a manutenção da fábrica em Portugal, anunciando o fecho no final do ano, houve um responsável que diligentemente explicou que o problema do encerramento e deslocalização da fábrica não poderia ser evitado por redimensionamentos e ganhos de produtividade dos trabalhadores. Esta frase irá constar do epitáfio da indústria portuguesa. No momento em que não é condicionante da permanência em Portugal, o factor aumento de produtividade, então estamos condenados. É tão mais barato produzir em qualquer outro lado, ainda que com níveis mais baixos de produtividade que se tornou impossível produzir por cá. Assim sendo é legitimo que se continue a colaborar com administrações que fogem e a quem nada interessa os direitos dos trabalhadores, ou é moralmente aceitável que se procure atingir esta gente onde mais lhes dói, na carteira? |
Publicado por José Raposo às 22:17
Comments on "A produtividade dos outros"
Excelente. Parabéns.