Estilo de vida
Esta semana tomou posse, o novo Presidente do Supremo tribunal de justiça (STJ). E como já sendo moda, fez mais um discurso carregado de significado para acompanhar a todos os que temos vindo a ouvir nos últimos tempos. Desta feita Noronha do Nascimento critíca o nosso estilo de vida, atribuindo-lhe a grande responsabilidade pelo entupimento dos tribunais. Televisão por Cabo, telemóveis, crédito ao consumo, entre outros, são para Noronha do nascimento os responsáveis pela difícil relação da justiça com os portugueses. Disse também que desde sempre a justiça esteve em crise, e é bem capaz de ter razão e assim deverá continuar, e por isso não podemos menosprezar as afirmações do novo responsável pelo STJ, e devemos acreditar que neste discurso existem indicações claras sobre caminhos que a justiça deve percorrer no futuro. Mas o problema está em que a culpa é sempre dos mesmos. Caso não fossem essas modernices que os portugueses insistem em comprar, e a justiça seria um mar de tranquilidade. Essa mania de fazer compras com dinheiro a crédito não é nova, e apesar da opinião do presidente do STJ os portugueses sempre se viram na contingência de recorrer a prestações, ou mesmo ao fiado, para poderem ter o mínimo de condições de vida. E não, as condições de vida não têm que ser as essenciais ao limiar de sobrevivência porque toda a gente tem legitimas aspirações para si e para os seus filhos, tal como os magistrados devem ter. Aliás, ao longo do tempo foi o consumo dos portugueses que acabou por puxar o país para a frente, uma vez que as nossas exportações sempre tardaram a acompanhar o dinamismo internacional, apesar da torrente dos milhões europeus. Os portugueses são ao mesmo tempo os irresponsáveis que necessitam de ser devolvidos ao caminho certo, o saco de pancada de todos os responsáveis, e ao mesmo tempo, em cada uma das suas vidas pequenas, aqueles sem os quais o país estaria muito pior. Na realidade a responsabilidade não pertence a uma classe conservadora, corporativa e avessa à menor mudança, que simplesmente não se conseguiu adaptar em 30 anos às novidades da vida normal e à nossa natural tendência para pedir emprestado, mas sim a todos nós. |
Comments on "Estilo de vida"
Dolo eventual, gostei deste blog. Adicionei ne minha lista. Alias, deveria haver um blog adendo ao dolo eventual: o Culpa Consciente. Quanto aos posts sobre o tabaco, deem uma lida no post do Sartre que está publicado no Gazeta Cultural. Irão gostar.
Abraços, GR
Guilherme,
Obrigado pelas suas simpáticas palavras e por me ter chamado à atenção para essahistória do Sartre. Vou repescá-la cá para o dolo. Até já!
Não podia estar mais de acordo.Agora somos culpados de Querer. Apenas temos direito ao verbo necessitar, não usufruir de.