"Amanhãs que não cantam"
O congresso de um partido no governo, com uma maioria absoluta e ainda por cima eleito há menos de dois anos, vale o que vale, e está condenado a ser de um fatal desinteresse. Não fosse a comunicação social a querer ensanguentar ao máximo um congresso sem historia e nada justificaria as horas sem fim de ligações em directo e os meios disponibilizados. Para a comunicação social os primeiros-ministros, especialmente os do PS, vêm embalados dos piores defeitos reservados à humanidade. Verdade seja dita que eles não ajudam nada… Mas para os jornalistas, quase sempre são brutalmente incoerentes e mentirosos, e o comum dos mortais não entende onde raio reconhecem a virtude entre um que falava demais e outro que fala de menos. Afinal a única verdadeira questão é perceber onde se situam. Mais à esquerda ou mais à direita, como se ocorresse a alguém questionar tal disparate ao líder de qualquer outro partido que não o do PS. Aliás, a resposta é conhecida de todos, mas com um jeitinho do eterno conflito em que alguns militantes do PS insistem em viver, e a pergunta passa a justificar-se e quase a justificar o congresso. Claro que o PS governa ao centro. Claro que a politica que executa vai ao encontro de uma economia de mercado donde não pode, nem deve sair, com laivos de neo-liberalismo capitalista que fazem a história da Europa. Mas alguém se lembra de algum secretário-geral do Partido Socialista que tenha conseguido ganhar eleições à esquerda? Pois, ninguém se lembra, e por isso mesmo não se consegue entender a constante necessidade de redefinição que um grupo de militantes considera dever ser feita. Esta esquerda tantas vezes intitulada no congresso de “moderna”, não procura (segundo Joel Hasse Ferreira) “sonhos utópicos de sociedades que não existem e amanhãs que não cantam”. Este PS sempre procurou adaptar uma consciência social à impossibilidade da concretização do socialismo utópico em liberdade, e é essa a única forma de poder continuar a contribuir para o desenvolvimento do país. Ainda assim este é um debate de ideias. Ideias estas sobre formas de pensar o país, mas que obrigam a encontrar soluções. Helena Roseta e Manuel Alegre tornaram-se um cliché que o PS agradece, até porque parece mesmo que a certa altura pode irromper do nada uma oposição interna. Pena que também se tenham tornado uma espécie de velhos dos marretas constantemente a pedir mais e mais diálogo, mais e mais abertura, mais e mais debate de ideias, muito embora tenham reservado para si a irredutibilidade moral de todas as ideias que perfilham. Fala-se muito de ideias e de princípios, mas ideias concretas, sobre problemas concretos do país parecem escassear. Como se de repente lhes tivesse sido atribuído o papel de consciência critica do PS no momento em que este consegue ganhar eleições, na defesa de um purismo ideológico que não existe, no qual o partido já não se revê, e o país nunca gostou. |
Comments on ""Amanhãs que não cantam""
Mas que congresso?!
O que houve foi um fim-de-semana promocional e propangadista do governo e do PM.
Porque todo o discurso foi para o país e não para o PS.