As não-greves
Há as greves que prejudicam, as greves inócuas e as greves que não chegam a ser. Este post é um caso da vida. O caso da minha vida, sujeito suburbano que aceitou há muito o drama de ser utilizado como moeda de troca nas inúmeras e longuíssimas negociações de todos os trabalhadores, de todos os serviços de transportes que ligam os subúrbios à capital do país. No entanto, este vosso humilde sujeito suburbano recusa-se determinantemente a ser mais prejudicado do que o exclusivamente necessário, e como tem a possibilidade de flexibilizar um pouco o seu horário laboral, programa o acordar e todas as habituais tarefas da manhã de forma a não colidirem com a greve dos trabalhadores que reivindicam melhores condições de trabalho e aponta a sua chegada à estação no exacto minuto em que é suposto terminar a greve. Assim foi hoje de manhã, mas apenas para concluir que pela segunda vez consecutiva a minha vida seria prejudicada por uma greve (ou não-greve), que um qualquer sindicalista tinha desconvocado durante a madrugada. É um novo tipo de greve. Marca-se uma greve com alguma antecedência, prepara-se as pessoas para o inevitável transtorno de ter de levar o carro para Lisboa pelo IC19 (ainda que com mais uma faixa), e à última hora todos os bons rapazes do sindicato resolvem desconvocar a greve numa altura em que já é inevitável o impacto que ela acabará por ter. Não se brincam com as greves, se realmente existem questões de princípio que levam os trabalhadores a marcar greves, então que as levem até ao fim. Tratar os utentes como mercadoria sem interesse, é capaz de ser equivalente à forma como algumas administrações querem tratar os seus funcionários. |
Comments on "As não-greves"