Caos generalizado
Com o rapto organizado de mais de uma centena de pessoas, o Iraque tornou-se, caso não fosse já, o paradigma do terrorismo do século XXI, e da incapacidade de o combater com os meios convencionais. No Iraque os terroristas pretendem deixar-nos uma mensagem. Não há nada que possamos fazer para os combater, quando numa sociedade que provavelmente será a mais vigiada do planeta nesta altura, conseguem actuar com relativa impunidade todos os dias, quando não várias vezes ao dia. E a mensagem é bastante dolorosa. Afinal perceber que se o terrorismo pretendesse e tivesse recursos suficientes, todos os dias seriam dias de tragédia nas capitais europeias e um pouco por todo o mundo. Ao abrigo de uma mentira surgiu uma intervenção militar que visava combater terrorismo, e criou-se ainda mais oportunidades para o seu surgimento. Apesar de todos os iraquianos serem considerados potenciais alvos e daí fortemente vigiados por milhares de soldados, naquilo que se tornou um estado policial em que tudo é passível de ser escrutinado por militares, os atentados sucedem-se numa cadência inaceitável. Então a estratégia tem de mudar antes que o financiamento do terrorismo lhes permita avançar para uma cada vez maior destruição. É cada vez mais claro que a guerra cega contra um inimigo que ninguém vê não vai resultar e apenas a teimosia de alguns não permite ver isso. A solução para o fim do terrorismo está na destruição das suas formas de financiamento com as quais tantas instituições ocidentais sem escrúpulos colaboram, mas também pela resolução dos problemas de desigualdade social que separa países ricos de países pobres, assim como o empenhamento sério da comunidade internacional na resolução de conflitos regionais que têm vindo a alimentar de causas os terroristas como a questão da palestina, ou até do Líbano. É altura de puxar os cordões à bolsa porque o terrorismo nasce da exclusão social que sentem os refugiados em Gaza, mas também as camadas mais desfavorecidas da população dos subúrbios de Madrid, Londres ou Lisboa. Eu sei que isto é uma generalidade, mas não me podem pedir que aceite como inevitável o que acontece naquele país. |
Comments on "Caos generalizado"
"Afinal perceber que se o terrorismo pretendesse e tivesse recursos suficientes, todos os dias seriam dias de tragédia nas capitais europeias e um pouco por todo o mundo. Ao abrigo de uma mentira surgiu uma intervenção militar que visava combater terrorismo, e criou-se ainda mais oportunidades para o seu surgimento" - Como diria um qualquer deputado do CDS-PP: "muito bem, muito bem!"