Dolo Eventual

David Afonso
[Porto]
Pedro Santos Cardoso
[Aveiro/Viseu]
José Raposo
[Lisboa]
Graça Bandola Cardoso
[Aveiro]


Se a realização de uma tempestade for por nós representada como consequência possí­vel dos nossos textos,
conformar-nos-emos com aquela realização.


odoloeventual@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue Grandes Dramas Judiciários

Visite o nosso blogue metafísico: Sísifo e o trabalho sem esperança

O Dolo Eventual convida todos os seus leitores ao envio de fotografias de rotundas de todos os pontos do país, com referência, se possível, à sua localização (freguesia, concelho, distrito), autoria da foto e quaisquer dados adicionais para rotundas@gmail.com


Para uma leitura facilitada, consulte o blogue As Mais Belas Rotundas de Portugal


Powered by Blogger


Acompanhe diariamente o Dolo Eventual

quinta-feira, novembro 30, 2006

Lisboa e o resto


Normalmente não me aquece e nem arrefece a eterna questão Lisboa Vs Porto. Nem a novíssima questão do Metro me incomoda por aí além e, ao contrário do que diz a Cristina, aqui neste caso, só nos podemos queixar de nós próprios. Que venha um novo modelo de gestão para a Metro do Porto por aí abaixo que eu apenas me limitarei a encolher os ombros. Se eu desejasse algum mal a Lisboa até propunha que Valentim & Cia fossem estagiar para o Metro de Lisboa, mas até consta que eles por lá também estão muito bem servidos. Aliás, não há empresa pública alguma entre nós que não esteja bem servida de Valentins e diria até que é para isso mesmo que elas existem. Adiante.

O que me irrita são as pequenas coisas. Aquelas coisas que me atrapalham no dia a dia e que vão confirmando que em Lisboa se perde cada vez mais o sentido de realidade. Dois pequenos exemplos:

1. Quando procurava informações sobre o Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) no http://www.portaldahabitacao.pt/ encontrei este interessante e útil documento Método de Avaliação do Estado de Conservação dos Edifícios. Trata-se de um manual de instruções para preenchimento da Ficha de Avaliação do Estado de Conservação (a ficha tem 2 páginas, mas o manual de instruções tem 26...). A páginas tantas deparo-me com o ítem Época de construção onde se lê: «a época de construção deve ser classificada em uma das seguintes categorias: anterior a 1755 – Edificações pré-pombalinas; 1755-1864 – Edificações do período pombalino e similares; 1865-1903 – Adulteração das referências pombalinas e significativo aumento do número de pisos. Período compreendido entre a entrada em vigor das primeiras posturas municipais sobre construção, em Lisboa (1865), e a publicação do Regulamento de Salubridade das Edificações Urbanas (1903)». Pois é... pergunto se estas instruções serão aplicáveis a todo o resto do país. Mesmo para o Porto esta periodização tem o seu quê de excêntrico, não obstante os Almadas... Parece que alguém se esqueceu de alertar o LNEC para a circustância de o NRAU ser uma Lei nacional e não uma disposição municipal. A não ser que, olhando pelas janelas dos seus gabinetes, estes técnicos acreditem que não há nada mais para além de Lisboa.

2. Com o intuito de analisar as potencialidades de um edifício na zona histórica do Porto para aí se instalar um pequeno equipamento hoteleiro, tentou-se marcar uma reunião na Direcção Geral de Turísmo (DGT). Como existe uma delegação dessa Direcção-Geral no Porto, pensámos que poderíamos resolver aí mesmo o nosso problema. Para nosso espanto a delegação do Porto só poderia se pronunciar sobre projectos no âmbito do Turismo Rural! Para qualquer outro assunto deveríamo-nos dirigir a Lisboa porque só aí existem os técnicos habilitados a emitir pareceres sobre projectos para empreendimentos em contexto urbano. Resultado: perdeu-se um dia de trabalho de duas pessoas (do cliente e do técnico que o acompanhou), quando numa meia-hora se poderia resolver o problema por cá. E ainda por cima nem sequer consideram a possibilidade da videoconferência.
(PS: Ora aí está um excelente serviço que a Loja do Cidadão poderia fornecer ao país. Salas de Videoconferência ligadas aos serviços sitiados em Lisboa!).

Etiquetas:

Comments on "Lisboa e o resto"

 

Blogger José Raposo said ... (novembro 30, 2006 6:17 da tarde) : 

1) Segundo sei o Terramoto de 1755 afectou todo o país e não apenas Lisboa, apesar dos estragos terem sido menores em zonas fora do Vale do Tejo. No entanto, o período das construções pombalinas representa um tipo de construção que se começou a fazer daí para a frente, como se fosse o estilo gótico ou barroco, e julgo que se aplica de igual forma a todo o país. Também me parece que a referência às posturas municipais de Lisboa de 1865 servem para que se compreenda o período a que diz respeito e não que se aplica exclusivamente a Lisboa. O regulamento de 1903 calculo que se deveria aplicar normalmente a todo o país. Mas claro que isto são conjecturas minhas...

2) Sem comentários... não há palavras para este tipo de centralismo em 2006

 

Blogger David Afonso said ... (novembro 30, 2006 6:41 da tarde) : 

1. Nada disso. Se existe algum acontecimento bem documentado (consultar inquéritos paroquiais)na nossa história é justamente o Terramoto de Lisboa. Algumas cidades sofreram danos, mas tal não obrigou a uma reformulação urbanistica e arquitectónica. A expressão da arquitectura ponbalina no Porto é a dos Almadas, a qual não se confunde com o caso lisboeta. Um exemplo fora desta bipolarização Porto/Lisboa: arranja-me aí um exemplo de arquitectura pombalina em Aveiro ou Viseu. Até ver um ou outro exemplar, mas não irrelevante. A régua de Lisboa não serve para medir o resto do país...

 

Blogger David Afonso said ... (novembro 30, 2006 6:43 da tarde) : 

onde se lê «mas não irrelevante» deve ler-se «mas irrelevante»

 

Blogger Antonio Almeida Felizes said ... (dezembro 01, 2006 4:49 da tarde) : 

Caro David Afonso,

Tomei a liberdade de reproduzir este seu post no Regionalização.

Cumprimentos,

 

post a comment