Estupidez a quanto obrigas
No Iraque não há rei nem roque, não há feriados nem dias santos. Não há anos velhos e anos novos. Todos os dias são dias bons para matar e principalmente para se morrer. A incompreensível e visivelmente apressada/atrapalhada execução de Saddam, quanto ainda decorrem processos em tribunal, a juntar à "suposta" declaração de independência da cidade de Fallujah, proclamada por um bando de encapuçados que se faziam deslocar em pleno dia em carrinhas de caixa aberta aos tiros para o ar, empurram cada vez mais o país para uma guerra civil de consequências imprevisíveis para a região. A decisão do governo fantoche do Iraque, em executá-lo, numa qualquer cave, a meio de uma noite, perante uma audiência raivosa, não só reflecte a fraqueza do poder destas novas autoridades do estado iraquiano, mas também carimbam de forma indelével um Iraque dividido entre etnias beneficiadas no tempo de Saddam e outras fortemente penalizadas. É estranho como um governo consegue transformar um ditador, num mártir, sem permitir que todas as acusações, sem excepção, fossem apuradas até ao fim, e só depois, aplicada a verdadeira justiça de ficar preso para o resto dos seus dias. Não pretendo fazer aqui a oposição à pena de morte, que honestamente não entendo, mas nunca foi para mim tão claro que a pena de morte apenas gera mais violência, do que neste caso. A romagem que já ocorre ao túmulo de Saddam vai impossibilitar que a breve trecho o Iraque encontre uma solução e um caminho de paz. |
Publicado por José Raposo às 22:04
Comments on "Estupidez a quanto obrigas"
Julga-lo por todos os seus crimes era demasiado perigoso! Já que o armamento, apoio logístico, fotos de satélite e outros meios que permitiram esse crimes foram prendinha de Natal...
Se a invocação da oposição à pena de morte não bastasse per si, dir-se-ia que a execução de saddam constitui um gigantesco erro geopolítico.
Não se podia esperar muito mais de um governo fantoche cujos fios são puxados pelas mãos de uma suposta grande democracia onde ainda se pratica essa mesma pena de morte. Não se compreende, de facto, que queiramos punir alguém com o mesmo castigo que esse alguém aplicou indiscriminadamente. O que é que isso faz de nós? Deuses ou demónios? Qualquer que seja a resposta, é apenas mais um sinal de vergonha para toda a raça humana...