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segunda-feira, janeiro 08, 2007

Pela negativa

No final da semana passada o movimento "Não, Obrigada", formalizou a entrega das assinaturas necessárias à sua participação na campanha eleitoral para o Referendo. Na altura uma das responsáveis deste movimento disse: "...pretendemos fazer uma campanha moderada e pela positiva."
Confesso a minha perplexidade. Se o movimento "Não, obrigada", é moderado e pretende fazer uma campanha pela positiva, então tudo aquilo que eu pensava sobre a minha pessoa acaba por cair por terra. Afinal eu não passo de um perigoso agitador de esquerda, capaz de ser facilmente rotulado de terrorista sem escrúpulos por toda a gente à minha direita, até porque não haverá ninguém à minha esquerda. É como se de repente eu me tivesse tornado uma espécie de defensor de um genocídio, de uma limpeza étnica que me imputam sem que eu tivesse percebido.
O meu pai sempre me disse uma daquelas máximas da sabedoria popular. "Quem não deixa falar os outros tem sempre razão". Para este movimento não existem outras opiniões válidas que não sejam pela defesa da vida. Não reconhecem a possibilidade de alguém ter uma opinião igualmente fundamentada sobre o aborto, o que logo à partida invalida a legitimidade de quem quer que seja, para além deles próprios. São todos ao mesmo tempo, as classes esclarecidas que querem ajudar as mulheres pobres e o repositório das nossas consciências colectivas que pretendem demonstrar como estamos errados, pois o verdadeiro caminho é o da caridade com os demais.
Desta forma é normal que se possam utilizar todos os argumentos e todas as imagens, ainda que populistas, emocionais ou até, como aparentemente tem vindo a vingar, financeiras, porque todos os outros argumentos não são considerados válidos e logo eles tem a única razão possível.
Bem sei que há movimentos pró-aborto também se comportam de igual forma, e por isso mesmo é que as campanhas de qualquer deste movimentos que utilize esta estirpe de argumentos que confundem e não pretendem o esclarecimento e o voto em consciência dos portugueses, nunca poderá ser chamado de moderado e pela positiva.

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