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terça-feira, janeiro 23, 2007

Saúde, na justa medida geográfica

Aqui há uns anos atrás o nosso Ex-Primeiro, agora Presidente, que era o primeiro da primeira maioria absoluta do país, teve a audácia de reestruturar o SNS e centralizar os cuidados de saúde principais a nível distrital. Ou seja, um hospital por distrito no interior e mais hospitais com diversas valências nos centros urbanos. Esta medida resultou imediatamente no encerramento de grande parte dos hospitais do interior, que em quase todas as situações foram transformados em centros de saúde, perdendo grande parte da sua capacidade de diagnóstico análise e tratamento.
Recordo, certamente influenciado pelas minhas raízes na margem esquerda do Guadiana, de ter criticado tão extraordinária medida em virtude das distâncias em causa (sim, eu era um adolescente insuportável). Não pela validade da medida, sempre que ela significar ou se traduzir em melhores cuidados de saúde, mas porque estar a mais de um hora de um hospital principal não me pareceu, na altura, e continua a parecer-me absurdo. O interessante é que desde essa medida do Cavaco, para cá, nada mudou. Apenas se agravou.
A viagem de Moura a Beja continua a demorar mais de uma hora. As obras da barragem do Alqueva que obrigavam a escolher um único caminho, devido ao estado do piso, terminaram mas o caminho não fazia parte da barragem e permaneceu em mau estado. O centro de saúde quando tem médico não faz absolutamente nada a não ser a triagem dos pacientes que vão para Beja ou não, naquilo que se tornou um corrupio de ambulâncias das mais disparatadas zonas do distrito (o maior do país) para Beja, qual ponte aérea.
Odemira parece estar na mesma situação que Moura e as dificuldades na assistência médica continuam a ser as mesmas das últimas décadas. Tudo continua a ser visto de uma forma economicista, baseado num conceito de necessidade de unidades de saúde por número de população e não pela sua distância em relação às unidades de saúde, quando em casos como o do distrito de Beja, ambos os factores deveriam ser tidos em conta.
Tenho a tendência a compreender que os recursos são limitados e que existem vantagens em juntar serviços até porque daí se poderão tirar proveitos para a qualidade do serviço prestado. Nem sequer quero que pela simples exigência das populações se desloque a contra gosto um qualquer médico para o interior só para se dizer que está lá um, nem que seja um carniceiro, até porque para isso já há muitos.
Mas desta forma a situação é insustentável para uma região com população envelhecida, já de si com enormes problemas sociais, mas também para todos, e são aos milhões, que a atravessam todos os anos.

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