Rivoli: 1991-2007
![]() É claro que existem responsabilidades que devem ser assacadas à autarquia pela situação a que se chegou. Disto não tenho eu qualquer dúvida, da mesma maneira que não tenho qualquer dúvida sobre a responsabilidade dos agentes culturais que se deixaram dormir no ponto e até da própria cidade. Sim, da cidade. Um dia destes, o Carlos Dias, fez-me chegar às mãos uma pequena entrevista que a Manuela Melo deu ao Expresso em 1991. Não sei se se lembram, era naquele tempo em que o Porto fazia lembrar uma cidade ou que, pelo menos, tinha pretensões de chegar a tal. Os tempos eram outros e existia uma coisa que os mais velhos se devem lembrar: um política cultural da Câmara Municipal. Foi justamente por aí que nasceu o Rivoli tal como o conhecemos hoje (o edifício, entenda-se). Dizia então Manuela Melo: «Cabe à Câmara criar as estruturas e os esquemas de gestão. Agora vamos ver qual a capacidade desta cidade de fazer juz àquilo que tem dito: que no Porto não há sítios para ir. Então, depois vão ter de participar, porque nada se aguenta sem público. Mas continuo a achar que existe uma grande apetência nesta cidade por acções culturais, e é com base nisso que estamos a investir.» Mas a cidade mudou-se de cidade e a baixa foi ficando cada vez mais vazia. Os cinemas foram os primeiros a encerrar e agora é a vez dos teatros. Em certa medida, até podemos dizer que a Culturporto conseguiu um pequeno milagre com as prestações que conseguiu atingir até lhe terem puxado o tapete debaixo dos pés. Na baixa, as magníficas lojas que herdámos dos séculos XIX e XX desapareceram e os espaços foram sendo ocupados por chineses, paquistaneses e lojas dos 300. O Rivoli – Teatro Municipal desapareceu e deu lugar ao La Féria. Sinais dos tempos… |
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