Vinho e Livros
Hoje vou falar de duas coisas de que muito gosto: vinho e livros! 1. A Essência do Vinho bateu este ano todos os recordes de afluência do público. Sinal positivo para este evento que demonstra como o Porto ainda pode atrair multidões e para isso nem precisa de se afastar da sua matriz original: o comércio e o vinho. Agora que já conquistou visibilidade nacional e o respeito do sector, há que aumentar o raio de influência do evento. Estive por lá no Sábado e digo que foi uma tarde bem passada. Mas é óbvio que o Palácio da Bols Uma das novidades este ano foi uma interessante Rota do Vinho a Copo, pecando só por estar adstrita a alguns (poucos) restaurantes. Acho que valeria a pena tentar cativar também alguns cafés da baixa para a causa. O Guarany, o Majestic, o Progresso e outros tantos – já para não falar dos espaços de vocação noctívaga – seriam peões importantes na divulgação e vulgarização do consumo do vinho, lutando no terreno de outros produtos mais populares como a cerveja e bebidas brancas. Organizar um evento destes em Fevereiro é óptimo para quem cá está, mas deixa de parte um segmento muito importante do público potencial, que é aquele que é constituído pelos turistas. Estes, como é sabido, afluem a estas paragens preferencialmente nos meses de estio. Não digo que valha a pena deslocar uns meses o evento, mas parece-me que haveria espaço para uma espécie de Essência do Vinho II durante esse período. Com um cariz mais popular e até mesmo de rua (já estou a ver a Rua das Flores transformada numa Rua do Vinho…). Os dias (e as noites) que antecedem o S. João seriam perfeitos para este fim, até porque a maior festa da cidade tem vindo a ser subaproveitada enquanto evento-âncora. O S. João não deveria ser apenas uma festa de uma noite, mas antes uma majestosa comemoração da cultura nortenha que se desenrolasse durante uma semana com uma série de actividades culturais complementares, mais ou menos à imagem das festas da Semana Grande de Bilbao que constituem um importante momento de afirmação e divulgação da cultura basca desde finais dos anos 70. E não há nada mais portuense que o S. João e o vinho… 2. A Feira do Livro do Porto está em perigo, isto é, pode ir parar a Gaia (o que vai dar ao mesmo, não?). De um lado, um sector pouco dinâmico, do outro uma autarquia que aperta os cordões à bolsa sempre que se fala de cultura, mas que persiste – e bem – na ideia de reanimar a baixa. Não entendo a fixação da Feira do Livro no Pavilhão Rosa Mota: é apertado e sufocante. Por mim, a solução ideal seria fazer uma feira nos jardins do próprio Palácio de Cristal. Já me imagino a passarinhar de banca em banca protegido pela sombra das tílias, para depois me deleitar na relva, folheando os livros acabadinhos de comprar enquanto como um gelado e sinto na cara a brisa refrescante do Douro. A Câmara insiste nos Aliados e os editores franzem o sobrolho. Não os censuro. Alguém consegue imaginar uma Feira do Livro naquela frigideira? E depois parece que ainda há a questão dos stands. Será sensato pedir aos livreiros para serem eles próprios a financiá-los? Em Lisboa as coisas são bem diferentes… E que stands? Mais barracos improvisados como os que têm vindo a ser utilizados até aqui? É uma coisa linda de se ver aqueles caixotes mal-amanhados na Praça principal da cidade. Fizemos um esforço de décadas para erradicar as barracas, para agora as plantarmos mesmo à frente da Câmara. Como é pública e proverbial a teimosia do dr. Rui Rio, o mais natural é que se a Feira do Livro não fugir para Gaia, esta terá lugar nos Aliados. Assim sendo – e apesar de não concordar com esta solução – proponho que pelo menos se façam as coisas – uma vez que seja! – como deve ser: ou se convida o Siza a desenhar os stands (solução ideal) ou se faz um concurso aberto para a sua concepção. O que importa é acabar com os acampamentos nos Aliados e que a qualidade das estruturas de apoio esteja em consonância com a nobreza da Praça. |
Comments on "Vinho e Livros"
Todos os anos, costumo ir à feira do livro do Porto. A meu ver, seria um erro instalar a feira nos Aliados, naquele espaço desconfortável e cinzento.
Quanto aos stands fica uma questão: não há arquitectos a trabalhar na autarquia, capazes de conceber dois ou três stands-tipo? Ao facto de se colocar os arquitectos a fazer o que devem fazer numa autarquia, também se poupavam uns cobres à Câmara, evitando mais um concurso de concepção...
Não se meta nisso. Os arquitectos da Câmara não fazem o que devem fazer, quanto mais extras...