E agora?
Continuo sem perceber claramente qual é o problema de Timor. O que se passa nessa terra distante é uma grave crise política ou um problema de criminalidade comum? Entendamos que embora tenha ocorrido um grave problema institucional que não passou de uma guerra entre órgãos de soberania (conflitos que também nós conhecemos por cá), as instituições timorenses mantiveram-se intactas durante toda esta crise. O que é mais e bem melhor do que podemos dizer de muitos conflitos um pouco por todo o mundo que assim que rebentam conflitos sociais ou étnicos, os respectivos estados acabam por se liquefazer. Melhor ou pior, a intervenção rápida (ainda que arrogante) da Austrália, e por arrasto de Portugal e de outros países, seguraram o status quo político, embora não tenham devolvido a segurança ao país. Não há, como dizia Ramos Horta no seu discurso de tomada de posse, melhor instrumento para aferir da vontade dos timorenses, que devolver ao povo a palavra. Devolver aos cidadãos que esmagadoramente não estão envolvidos nos conflitos que parecem ser protagonizados, hoje como no passado, por grupos isolados, a palavra sobre como pretendem que seja o caminho de Timor-leste. Foi isso que aconteceu nas presidências, que apesar de alguns sobressaltos na primeira volta, correram normalmente sem grandes problemas. No entanto parece que isso não foi o suficiente para sanar os problemas. Os confrontos voltaram e as mortes também. A GNR e as outras forças no país não podem apagar todos os fogos e o ambiente tenso que antecedeu as presidenciais, ameaça estender-se às legislativas. Aí é que se verá qual a dimensão do problema timorense. O regime, tal como cá é semi-presidencialista e por isso mesmo o governo é que tem o verdadeiro poder. Só aí é que vamos ver quem será o próximo primeiro-ministro e qual a sua orientação politica e saber se a expressão eleitoral que receberá será suficiente para resolver os problemas, se porventura eles forem mesmo políticos. Etiquetas: Timor |
Publicado por José Raposo às 13:42
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